Roskilde, Grande Copenhague – 7h55
Eva respirou fundo antes de entrar no Pomar das Macieiras.
- O segundo dia do resto da minha vida – disse em voz alta.
Agarrou a maçaneta e pensou adiante: à tarde, tinha consulta com a psicóloga.
Aquilo lhe convinha e agradava muito; por alguma razão estranha, a consulta tinha
se tornado o ponto de referência de Eva na semana. O cão não estava na entrada da
creche. Por outro lado, Eva levava um desenho na bolsa, o desenho de um
assassinato.
“As crianças contam tudo”, tinha dito Kasper. Anna tinha urticária só de saber
que havia uma jornalista na instituição. Uma coisa teria a ver com a outra? Ou Eva
estava exagerando?
Na cozinha, Sally estava colocando o avental. - Bom dia, Eva – disse a cozinheira, com um sorriso de evidente alegria por
tornar a vê-la. - Bom dia.
- Torben está no escritório dele. Pediu que você subisse para conversarem.
- Subir agora?
- É, acho que sim.
Eva pendurou o agasalho no pequeno roupeiro. Ponderou se levava o desenho,
mas não conseguiu se decidir e pôs a bolsa no ombro. Assim, poderia resolver no
caminho.