A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

desenho, sim. Agora”. Eva limpou a garganta.



  • Com certeza; há algo que eu gostaria de lhe mostrar. – Foi uma frase
    estranhamente desajeitada. A própria Eva se deu conta disso. Uma frase solene e
    rígida.

  • Sim?

  • É só um... – Vacilou. Talvez porque, de repente, leu o próprio nome na parte
    superior do papel que Torben acabava de olhar. Era dela que o documento tratava.
    De quem teria vindo? Da assistente social? Da psicóloga?

  • Sim? – repetiu Torben.
    “O que isso aí deve dizer de mim? Que sou uma doente mental, uma coitada?
    Será que fala do meu trauma infantil, do alívio que senti quando minha mãe
    morreu?”, pensou Eva, incapaz de tirar os olhos do papel. Ah, tudo o que tinha
    contado à psicóloga!... Agora se arrependia. “No mínimo, deve constar aí que a
    assistência social me paga a psicóloga, que se eu não der certo como ajudante de
    cozinha vou entrar em queda livre até acabar no fundo do poço social.” Bateram à
    porta, e Anna pôs a cabeça para dentro da sala.

  • Tem dois minutinhos, Torben?

  • Tenho; só um instante... – Olhou para Eva.

  • Não, tudo bem. Pode esperar, não se preocupe. – Ela tentou sorrir.
    Torben olhou para Anna. Às costas dela, no corredor, viu Kamilla com outra
    professora; uma que cuidava das turmas dos menorzinhos, se Eva bem se lembrava.
    Torben, visivelmente inquieto, olhou para a moça que surgia atrás de Kamilla.

  • OK.
    O diretor se levantou e levou consigo o papel – o papel com o nome de Eva. Ela se
    perguntou por que Torben não a deixava ver o que estava escrito. Quanta
    informação trocariam entre si na administração pública? De onde tiravam os dados
    sobre os funcionários todos?

  • Nem um único dia de sossego, nunca – disse Anna, e sorriu para Eva como

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