A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

inclinou de leve para a frente. Folheou os papéis. Pelo jeito, achou o que procurava.
Pegou um e leu por cima, com olhos meio fechados.
Não lhe faltavam atrativos, pensou Eva. Sem dúvida, algumas mulheres
sucumbiriam à sua aparência juvenil, descontraída e pouco autoritária, de homem
ainda capaz de aproveitar o festival de música pop de Roskilde. Eva pensou em pelo
menos algumas amigas que o achariam interessante.



  • Como foi tudo ontem? Pelo que entendi, houve uma espécie de batalha por
    causa do cachorro. – Torben desviou só por um instante o olhar do papel.

  • Foi bem. Dei uma mãozinha numa das classes. Ficamos desenhando. – Eva
    hesitou. Deveria mostrar o desenho? De certo modo, era o momento adequado
    para fazer isso. – Esse Malte... – disse, e tentou entrar em contato visual com
    Torben.

  • Ele aprontou com você ontem? O Malte às vezes briga com o William.

  • Não. Pelo contrário, ficou muito calado. Parecia um pouco triste.

  • Muitos não dormem tudo o que deveriam. Tinham anotado alguma coisa na
    agenda?

  • Não sei – disse Eva, aborrecida consigo mesma por não ter verificado isso. – As
    coisas vão bem na família dele?

  • Em muitos sentidos, o Malte é uma criança muito privilegiada, que vem de uma
    família especial. Também é bastante sensível e tem muita imaginação. – Torben
    finalmente deixou o papel de lado. – No mais, foi tudo bem na cozinha?

  • Foi, sim. A Sally é muito boazinha e simpática.

  • Ela é fantástica. Conheço um pouco da vida da Sally e só posso dizer que é uma
    pessoa excepcional.
    Eva sorriu e assentiu, principalmente porque não sabia o que dizer. Baixou os
    olhos. Ali, no chão, estava sua bolsa, com o desenho. Seria prudente tirá-lo de lá?
    Agora, depois do que Torben acabava de dizer sobre a fantasia desenfreada do
    menino? “Não”, disse uma voz na cabeça de Eva. Outra, porém, insistiu: “Mostre o

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