O menino esboçou um sorriso, para de imediato voltar a adotar uma atitude
distante.
- Você gosta de desenhar?
- Um pouco.
- Você se lembra do desenho que fez ontem?
- Sim.
- Foi você que o colocou na minha bolsa?
Malte olhou para outro lado. - Você se lembra?
Alguém riu ao longe. - Lembra-se do desenho, Malte? Por que você o colocou na minha bolsa?
Nenhum contato visual. Eva olhou a mão bronzeada do menino, delicada, com
uma pintinha num dos nós dos dedos. Colocou a própria mão sobre a dele e a
deixou ali um instante, até que conseguiu que Malte virasse a cabeça em sua
direção. - Malte... – Eva aproximou seu rosto do menino. – O que está acontecendo?
Você está com medo? Se quiser, podemos olhar o desenho juntos...
Ele se pôs de pé. Por um momento, Eva achou que Malte colocaria os braços em
volta do pescoço dela e desataria a chorar, mas o menino se virou e olhou para uma
mulher que, naquele instante, abria caminho entre a criançada para chegar a
Torben. O rosto estava quase totalmente oculto por grandes óculos de sol pretos. - É a minha mãe – disse Malte.
- Sua mãe? Tão cedo?
Malte correu para a mulher, que o pegou nos braços. O menino a abraçou com
força, enquanto ela falava em voz baixa com Torben. A conversa era séria, disso Eva
não teve dúvida. Torben, com a cabeça ligeiramente de lado, escutou a mulher,
muito atento, até que ela e Torben se afastaram um pouco para poderem continuar
falando sem ser incomodados. “O que será que estão dizendo?”, pensou Eva consigo