entrecruzadas; nenhum arco, nenhuma rama, só as duas elegantes flechas com
penas, a única munição estética, bela, que a humanidade tinha criado. Balas,
bombas, projéteis, minas terrestres – quem quereria que aparecessem num logo? Já
as flechas estavam carregadas de espiritualidade.
Apertou a campainha. A porta se abriu. Depois que entrou, ouviu a voz de David
antes mesmo de tê-lo visto, porque ainda perguntava:
- Você viu?
Marcus se voltou. David se aproximava. - Você me escutou? – quis saber David.
- Escutei, sim.
- E viu as notícias?
- Andei dormindo – respondeu Marcus, incapaz de esconder a irritação. Os
muitos sentimentos que percebia na voz de David eram todos fora de hora.
O outro insistiu com suas preocupações: - Saiu nos jornais. Encontraram um homem morto na floresta.
- Quem está cuidando do caso?
- O que você quer dizer?
- Na polícia.
- Um tal de Jens Juncker. Um dos superintendentes-chefes da polícia de
Copenhague. - Tem certeza? O caso não é da polícia da Zelândia do Norte?[3]
- Não. Por quê?
Por que a polícia de Copenhague estaria envolvida? Normalmente, a da Zelândia
do Norte já era mais do que capaz de lidar com um simples suicídio. O
Departamento de Homicídios da Chefatura de Polícia só se dedicava a
investigações quando... - É para nos preocuparmos se a polícia da Zelândia do Norte não está cuidando
do caso? – perguntou David.