Deu-lhes alguns segundos para que digerissem a informação. Tanto Trane como
David eram ex-militares; nenhum dos dois tinha por que se angustiar com a morte;
ela não lhes era tão estranha. Jensen tampouco parecia estar a ponto de desabar.
Trane foi o primeiro a abrir a boca.
- Se matou como?
- Com a espingarda de caça. Na floresta. Antes mandou um torpedo para a irmã.
Vai dar no noticiário mais tarde. - E fez isso por quê? – coube a Jensen perguntar.
- Divórcio. Depressão. Quem sabe? Seja como for, escolheu um modo horrível.
Às vezes temos que seguir em frente. As coisas são do jeito que são; nem mais nem
menos.
Fez uma pausa teatral bastante oportuna. - Nós também precisamos seguir em frente. Os nossos sócios europeus decidiram
que, por ora, eu vou assumir o comando desta birosca.
Marcus estudou os olhares dos três. Sobretudo o de Trane, pois sabia
perfeitamente que ele não estava gostando nada e teria assumido com prazer a
liderança. - Vamos ter que lidar com a imprensa. É possível que surja algum interesse pela
pessoa de Brix; quem ele era, para quem trabalhava, esse tipo de coisa. Isso vai
conduzi-los até aqui. Vão querer saber o que é esse tal de Systems Group. Devemos
nos ater ao que costumamos responder, tranquilamente, nesses casos: que somos
um centro de estudos, um think tank. Uma empresa dedicada ao lobismo, como
tantas outras. Temos escritórios em oito países. Trabalhamos em prol da paz e da
segurança na Europa. Temos clientes cujos interesses representamos, tanto aqui
como em... - Os jornalistas vão perguntar quem nos paga – disse Trane, interrompendo
Marcus. - Quem é que contribui para o Partido Liberal? – perguntou Marcus