Dossiê Superinteressante - Edição 406-A (2019-08)

(Antfer) #1
24 — exércitos do mundo

Antes veio a Ucrânia. Na península
da Crimeia, a facilidade com que os
russos agiram, em 2014, deixou todos
os membros da Otan, a Organiza-
ção do Tratado do Atlântco Norte,
de cabelos arrepiados. Para tomar da
Ucrânia a faixa de 27 mil quilôme-
tos quadrados de terras localizadas
em ponto estatégico, os russos mal
precisaram utlizar seu poder de fogo.
A invasão deixou a Europa apreen-
siva. O contngente militar espalhado
pela vasta fronteira com a Rússia sal-
tou de 13 mil para 30 mil soldados, e
a Otan organizou quato frentes de
resistência a possíveis ataques vindo
de Moscou. Em outbro de 2018, a
organização realizou na Noruega o
exercício militar Trident Junctre 18,
o maior desde o fim da Guerra Fria,
com 45 mil soldados de 31 países,
cerca de 150 aviões, 60 navios e mais
de 10 mil veículos.

Nova corrida
armamentista

Não parece ser o suficiente. Está cla-
ro que a Rússia se tornou, novamen-
te, um grande e incômodo vizinho,
principalmente para os países do
Leste Europeu não alinhados a ela,
como a Polônia e a República Tcheca,
ambas membras da Otan. Em reação
à mobilização na Noruega, Putn fez
questão de demonstar seu poderio
em Vostok, no extemo leste, quan-
do realizou o maior exercício militar
promovido pelos russos desde 1981.
Para isso, utlizou de impressionantes
300 mil homens, mil aeronaves e 900
tanques. Enquanto isso, a Polônia so-
licita que os Estados Unidos constu-
am uma base em seu território, a fim
de desestmular quaisquer possíveis
projetos russos de, mais uma vez, con-
tolar o país vizinho. Em toca, oferece
um aporte inicial de US$ 2 bilhões.
No início de 2018, Putn fez mais
uma provocação em relação ao res-
tante do continente. Ele começou
a renomear diferentes regimentos,

terrestes, aéreos e marítmos, com
os nomes de localidades europeias,
como Berlim, Varsóvia e Talim (capi-
tal da Estônia). O argumento oficial é
homenagear locais importantes para
a história militar da Europa. Mas não
faltou quem tenha visto nos nomes
uma espécie de lista irônica de pos-
síveis alvos para algum ataque num
futro possível.
Enquanto faz exercícios militares
de peso e ameaças veladas de grande
impacto propagandístco, Putn pre-
para uma novíssima geração de armas
e equipamentos (confira os destaques
ao longo destas páginas). Ele taba-
lha amparado por um acontecimento
importantíssimo: no dia primeiro de
fevereiro de 2019, os Estados Uni-
dos de Donald Trump se retraram
do Tratado de Forças Nucleares de
Alcance Intermediário, conhecido
pela sigla em inglês, INF. Apenas
um dia depois, os russos também
abandonaram o acordo.
Acontece que o Tratado INF, assi-
nado em dezembro de 1987, foi uma
grande conquista dos líderes Ronald
Reagan e Mikhail Gorbachev, que t-
veram que se encontar por tês vezes
até chegar aos termos do acordo. Na
época, o acordo garantu, de forma
inédita, a destuição de mais de 2.600
mísseis capazes de alcançar ente 500
e 5.500 quilômetos. Os mísseis in-
termediários cruzam uma distância
menor que os de longo alcance, o
que leva menos tempo. Com isso,
não permitem que o inimigo possa
revidar. E, assim, anulam o concei-
to de Destuição Múta Assegurada.
Pois agora, assim que os dois países
se retraram do INF, teve início uma
corrida armamentsta acelerada.
Os americanos, que dizem ter aban-
donado o acordo diante dos programas
russos de desenvolvimento de armas
de curto alcance, em especial os mís-
seis 9M729, capazes de alcançar 2.600
quilômetos, rapidamente anunciaram
que estavam tabalhando em novas
armas nucleares e fecharam novos
contatos para a constução de mís-
seis. Por sua vez, Putn vem revelando,

torpedo
poseidon

Em 2015, os americanos
identificaram os primeiros
sinais de que os russos estavam
desenvolvendo um torpedo nuclear.
O primeiro teste, ainda bastante
discreto, foi realizado no Oceano
Ártico, em 2016. Medindo 24 metros,
o Poseidon seria capaz de se mover
a 185 km/h e detonar no mar ogivas
em torno de incríveis 200 megatons
(quatro vezes a potência do maior
artefato nuclear já construído,
a Tsar Bomba), causando um
tsunâmi de até 100 metros, capaz
de arrasar cidades costeiras.

exoesqueleto
armado

Todo mundo está desenvolvendo
exoesqueletos robóticos, mas a
Rússia pensa grande. O exoesqueleto
desenvolvido pela empresa de
nome quase impronunciável
TsNiiTochMash permitirá ao soldado
disparar com uma mão só. Já existe
um protótipo do equipamento,
formado de fibra de carbono e
alimentado por um motor. O modelo
está em fases iniciais de testes. Ele
é feito para ser usado com o sistema
de combate Ratnik (mais na pág. 21).

material
invisível

Serve para uniformes militares,
mas também poderá ser adaptado
para tanques: a empresa estatal
Rostec está desenvolvendo um
material invisível ao olho humano.
Ele atua como uma cobertura
de camuflagem, que emite as
cores do ambiente – ou seja, ele
assume o tom predominante à
volta. Por enquanto, o material
rendeu um capacete. O próximo
passo é completar os uniformes
dos militares e, eventualmente,
tanques e outros veículos.

armas


do


futuro


Exércitos do mundo Rússia


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