Dossiê Superinteressante - Edição 406-A (2019-08)

(Antfer) #1
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Mesmo tentando imitar as armas ame-
ricanas, o Irã sabe bem que não pode
vencer no combate convencional. Então
a doutina é de guerrilha, causar o maior
dano possível, de forma a tornar a inva-
são inviável polítca e economicamente.
Com seu arsenal de mísseis e dro-
nes, a ideia do Irã é saturar os céus,
atngindo Israel, as forças americanas
e possivelmente também a Arábia
Saudita. Não é uma ameaça fácil de
neutalizar. Em 2015, o chefe da Força
Aeroespacial da Guarda Revolucionária,
o brigadeiro-general Amir Hajizadeh,
demonstou como funciona uma base
subterrânea profunda iraniana. Segun-
do o governo do Irã, essas bases ficam
a 500 metos de profundidade, quase
impossíveis de atingir, e “em todas
as províncias e cidades do Irã”. Pura
propaganda? O especialista em defesa
israelense Tal Inbar, chefe do Cento de
Pesquisa Espacial no Insttto Fisher
de Estdos Estatégicos Aeroespaciais,
discorda. Afirma que o Irã conta com
um “sistema enorme e complexo de tú-
neis” e que poderia ordenar um massivo
ataque-surpresa.
Caso haja invasão, também não de-
ve ser moleza. Primeiro porque não
haveria um lugar por onde começar o
ataque por terra, como na Guerra do

Iraque, em que as topas americanas
puderam se concentar no vizinho e
aliado Kuwait. Não é certo que o Ira-
que, o aliado mais próximo com acesso
ao mar, aceitaria permitr uma presen-
ça massiva americana logo depois de
eles terem saído – e depois de Trump
ter azedado as relações proibindo a
entada de iraquianos nos EUA. Além
disso, o Iraque está infiltado por mi-
lícias xiitas comandadas pela Guarda
Revolucionária do Irã.
Restaria uma invasão anfíbia pe-
la costa do Irã, sempre algo bastante
complicado e perigoso, momento no
qual as forças americanas estariam
extemamente expostas aos ataques
por mísseis. Do lado americano, aviões,
mísseis e drones tentariam extermi-
nar a parruda defesa antaérea do pa-
ís, certamente sofrendo baixas. Além
disso, o Irã seguramente mobilizaria
suas redes pelo mundo islâmico para
incendiar a região.
O Irã não tem chances de impedir
que seu regime seja derrubado se os
EUA realmente quiserem. A pergunta
é: a esse custo todo, vão querer? E, se
não quiserem, irá o Irã abandonar de
vez a diplomacia e terminar de desen-
volver suas armas nuclares? Isso mu-
daria o jogo completamente.

ameaça
do espaço

O Irã começou seu programa
de mísseis balísticos – do
tipo que vai ao espaço para
cair novamente em velocida-
de hipersônica – importando
e copiando modelos russos
e norte-coreanos. Mas a
família Sejil é uma criação
original. Diferentes dos
outros, usam combustível
sólido, então podem ser
armazenados prontos para
atacar a qualquer instante.
Um foguete a combustível
líquido precisa ser carregado
antes do disparo, ao longo de
horas, expondo sua localiza-
ção por conta dos comboios
de caminhões de combus-
tível. A ogiva do Sejil é do
tipo MIRV: múltiplas cargas,
evitando as defesas inimigas.
Relatos não confirmados
afirmam que o Sejil já estaria
na versão 3, com o dobro
do tamanho, três estágios e
alcance de 4 mil km.

Sejil-2
Míssil balístico
convencional

Velocidade

17.287 km/h
(Mach 14)
comprimento:
18,2 m
diâmetro: 1,5 m
peSo: 21,5 m
carga: até 1.500 kg
alcance: 2.500 km

Exércitos do mundo IRÃ


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