42 — exércitos do mundo
pertence à religião Sikh, grupo mo-
noteísta igualitário surgido no século
16, que corresponde a apenas 1,72% da
população indiana, pelo censo de 2011.
Mas, estma-se, compõe até 33% da For-
ça Aérea e 20% do Exército.
Os sikhs são facilmente reconhecí-
veis pelos trbantes azuis, apetecho
que outos indianos há muito aban-
donaram. Eles têm por tadição alistar
o filho mais novo em uma das Forças
Armadas. Ente suas obrigações reli-
giosas, está a de andar armados com
uma adaga, o kirpan, o tempo todo.
Como os sikhs são em grande número,
militares indianos em qualquer setor
permitem o uso de trbante, em para-
lelo aos quepes à ocidental preferidos
pelos demais.
Outa minoria famosa por seu talen-
to guerreiro são os gurkhas, soldados
nepaleses (de nacionalidade indiana)
que constuíram uma reputação len-
dária no período britânico, inclusive a
Segunda Guerra. E os gurkhas, em sua
tadição, usam kukhris, adagas curvas
tadicionais, no lugar das facas mais
modernas dos outos soldados.
O quintaL da Índia
De sua posição de neutalidade, a Índia
é armada por todo o resto do mundo. E
já vinha sendo mesmo na Guerra Fria.
Em seu arsenal, convivem equipamen-
tos soviétcos, russos, americanos, eu-
ropeus, israelenses e até brasileiros.
Em parte, porque a doutina militar
indiana é proclamadamente defensiva.
No segundo teste nuclear do país, em
1998, foi feito um juramento solene de
nunca usar armas nucleares primeiro, só
em retaliação – mas ter armas suficientes
para fazer dessa retaliação fulminante,
um custo com o qual nenhum país iria
querer arcar. Seu míssil mais moderno,
o Agni VI, tem alcance de 12 mil quilô-
metos. Não poderia alcançar os EUA,
mas China e Rússia, conta quem a Índia
parece pender, estão cobertas.
A maioria das ações militares in-
dianas são de ant-insurgência. No seu
esforço de mostar músculo e abrir seu
espaço de influência no Oceano Índico,
a Índia partcipa atvamente de esfor-
ços internacionais. No período do auge
dos piratas da Somália (2007-2013), en-
viou 52 navios, tornando-se uma das
maiores forças a combater a crise. Por
meio de um acordo diplomátco com
Singapura, também é responsável por
contolar as águas do Esteito de Mala-
ca, ponto extemamente estatégico nas
rotas ente Oriente e Ocidente – que a
China preferia para si.
E quase chegaram às vias de fato. A
notícia foi pouco comentada na mídia
brasileira, mas, por tês meses e meio,
ente 16 de junho e 28 de agosto de 2017,
Índia e China estveram à beira da guerra
pelo Planalto de Dokhan, área no aliado
Butão que a China clama parcialmente
para si. Diante da tentatva de soldados
chineses de constuir uma estada no
Butão, a Índia mandou um contngente
de 270 soldados, incluindo buldôzeres
para destuir a estada.
Em 15 de agosto, chegaram às vias de
fato – de um jeito meio cômico. Uma
patulha do Exército indiano encontou
rivais chineses em território decisiva-
mente indiano. Um lado começa a gritar
para o outo, ninguém se entende, e
daí a coisa passa para pedradas, socos
e pontapés. Depois de duas horas, os
chineses recuaram. Ninguém atrou.
O bom senso dos soldados manteve
a batalha no patamar paleolítco. A crise
terminou com ambos se retrando. A
toda-poderosa China aceitar o empate
é uma medida da força da Índia, uma
superpotência militar frequentemente
subestmada no Ocidente.
o gigante
made in india
—
Ainda tem mais cara de pro-
paganda que de avanço real,
mas a Índia criou um tanque
principal de batalha – coisa que
o Brasil não conseguiu. E um dos
maiores do mundo, maior que o
Abrams dos EUA. O Arjun, com o
nome do herói do épico Maha-
bharata, foi desenvolvido ao
longo de 30 anos, com o projeto
começando em 1974 e os primei-
ros veículos saindo da fábrica
em 2004. A ideia era substituir
completamente as importações,
mas problemas mecânicos
impediram a adoção em massa
e, em 2010, após simulações de
combate contra o russo T-90, o
Exército preferiu comprar mais
tanques russos. Em 2016, o
Auditor geral da Índia detectou
que apenas 124 deles estavam
em condições de operar; o resto,
incapacitado por falta de manu-
tenção. Uma versão atualizada,
o Arjun MK1-A, foi aprovada pelo
Exército indiano em dezembro
passado e encomendados mo-
destos 112 deles.
p
aRjuN MK1-a
Tanque principal
de batalha
PEso
68 t
CoMPRiMENTo:
10,64 m
alTuRa: 2,8 m
laRguRa: 3,95 m
TRiPulação: 4
VEloCidadE
MáxiMa: 70 km/h
aRMaMENTo: canhão
120 mm cinético sabot,
3 metralhadoras
Exércitos do mundo índia e paquistão
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