Grandes Ditadores da História - Hitler & Stalin - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1
20 anos, a não ser que o czarismo nesse meio-tempo seja
abalado por uma grande guerra”. A 1a Guerra Mundial
veio dar aos revolucionários todas as armas para a derru-
bada do czarismo, mas, antes disso, é preciso conhecer o
papel de Stalin e suas ações no período entre-revoluções.

ENTRE PRISÕES E FUGAS
Em 1903, Stalin se casou com uma jovem georgiana,
Ekaterina Svanidze, de quem parece, pelos relatos, ter gos-
tado e amado muito. Um amigo do casal falou a respeito
da relação deles: “Stalin não era capaz de se sentir igual a
nenhum outro ser humano. Os dois tiveram um casamen-
to feliz porque Ekaterina via o marido como um semideus
e porque, sendo georgiana, havia sido criada na sacrossan-
ta tradição de que as mulheres nascem para servir”.
Apesar disso, e sabendo que para a época e a região
um tipo de relação como a descrita era absolutamente
normal, o casamento durou apenas quatro anos – Eka-

terina morreu em 1907, deixando-lhe um filho, que se-
ria criado pelos avós no Cáucaso. À beira do caixão para
o enterro, Stalin teria dito: “Ela era a única criatura que
conseguia entender meu coração... Com ela morre uma
parte importante da minha vida. Está tudo vazio aqui,
tudo absolutamente vazio... é impossível dizer o quanto”.
Depois de perder a esposa, Stalin mudou-se para
Baku a fim de agitar os operários da indústria de petró-
leo. Sua ação na cidade não durou mais de nove meses,
mas rendeu uma greve geral. Seus ativistas foram elogia-
dos por Lênin como sendo “nossos últimos ativistas capa-
zes de organizar uma greve de massas com objetivos polí-
ticos”. O resultado do evento foi a prisão de Koba-Stalin.
Condenado a dez anos de exílio, em junho de 1909, ele
fugiria e retornaria para Baku.
Em 1910, voltaria ser preso e enviado para a Sibéria,
fugindo novamente em fevereiro de 1912. Nesse mesmo
ano, foi eleito membro do comitê central com a ajuda de
Lênin e se empenhou em lançar o jornal “Pravda”, cuja
primeira edição saiu com editorial dele. O ano de 1912
seria marcado também pela posição de total ruptura de
Lênin com os mencheviques, e pela aproximação com o
grupo bolchevique radical do Cáucaso, do qual Stalin fa-
zia parte. Em janeiro de 1913, Lênin enviou Stalin para
Viena a fim de escrever um ensaio sobre a questão das

minorias nacionais na Rússia e o socialismo.
Antes disso, Stalin entrou em conflito aberto com
Trotski quando este passou a atacar Lênin pela ruptura
dos bolcheviques. Trotski era um menchevique e escre-
veu artigo defendendo a unidade partidária, e, ao mesmo
tempo, atacando Lênin e o encontro em Praga em que foi
ratificada a cisão. Este encontro seria considerado por ele
uma “fraude e usurpação”. A resposta veio por intermédio
de Stalin no “Pravda” de Petersburgo, no qual o futuro di-
tador zombou da tentativa que considerava hipócrita de
Trotski pela unidade, e o chamou de “campeão de mus-
culatura frouxa”. Sobre o episódio, Deustscher escreveu:
“Com toda a vulgaridade da expressão, o autor dela clara-
mente apreendia a fraqueza de Trotski – a incapacidade
para o jogo e a manobra tática, em que Stalin se mostraria
mestre consumado”.
Em seguida, o futuro líder russo viajou para Viena
a fim de escrever o referido ensaio “encomendado” por

Lênin. O resultado foi um dos textos mais bem escritos
e originais de Stalin, e o primeiro a ser assinado por ele
com o pseudônimo pelo qual ficaria marcado na história
mundial. De Koba passava a ser K. Stalin, que significa “o
homem de aço”. “O Marxismo e a Questão Nacional” se-
ria aprovado por Lênin e publicado na revista de sociolo-
gia do partido, a “Prosvechtchenie” (Ilustração). No artigo,
seu autor defendia a unidade dos povos de diferentes na-
cionalidades sob a orientação de um só partido. Ou seja, o
socialismo marxista estaria acima das nacionalidades.
Ao voltar para São Petersburgo, Stalin acabaria pre-
so, delatado por Malinovski, colega do comitê central e
deputado bolchevique no Duma. Na verdade, ele era um
infiltrado da Okhrana. Dessa vez, não teve escapatória. O
homem de aço foi condenado ao exílio e enviado para a
Sibéria, onde permaneceu até o alvorecer da Revolução
em fevereiro de 1917. Seria dali, sob o frio da região, ao
lado de companheiros políticos, lendo e pescando, que ele
veria explodir a 1a Guerra Mundial em 1914. Com a im-
plantação da lei marcial, a ideia da fuga acabou abandona-
da, pois, caso fosse preso, seu destino seria o fuzilamento.

A GUERRA E O FIM DO CZARISMO
Hobsbawm é um dos historiadores a reforçar o cará-
ter contraditório da Rússia imperial pré-revolução. Se-

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