Grandes Ditadores da História - Hitler & Stalin - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1

no deixaram Moscou e cor-
reram para os setores mais
vitais das linhas de frente.
No Kremlin, Lênin, com
uns poucos especialistas,
dirigiu toda a luta em con-
tato permanente com os
homens de cada setor”.
Assim, Lênin despa-
chou Trotski para Kazan, a
fim de evitar que os contra-
-revolucionários pudessem
chegar a Moscou; e Stalin
para Tsaritsin, para organi-
zar o transporte dos cere-
ais para a capital. Segun-
do os especialistas, foi em
Tsaritsin que começaria
de fato a grande rivalidade
entre Stalin e Trotski, por
questões de autoridade e
hierarquia. O grupo ao re-
dor de Stalin não aceitaria
a autoridade de um general
czarista designado ao co-
mando por Trotski. Quei-
xas de insubordinação fo-
ram frequentes por par-
te de Trotski a Lênin, que
tentava conter o ímpeto de
Stalin. Este, por sua vez,
enviava uma carta pedindo
plenos poderes militares.


STALIN MOSTRA SUAS GARRAS
Segundo Simon Sebag Montefiore, em “Stalin – A
Corte do Czar Vermelho” (Cia das Letras, 2006), “foi ali
que Stalin compreendeu a conveniência da morte como
o instrumento mais simples e eficaz”. O autor descre-
ve dois casos na cidade que comprovam sua tese. No
primeiro, logo ao chegar a um trem blindado com 400
guardas vermelhos, Stalin mandou fuzilar todo suspei-
to de ação contra-revolucionária e traição. Um segundo
caso, que só recentemente foi descoberto como ação ar-
bitrária do ditador russo, ocorreu quando ele e seu gru-
po, que incluía Vorochílov, prenderam alguns “especia-
listas” designados por Trotski no Rio Volga dentro de
uma barcaça. Eram soldados e homens do regime czaris-
ta que Trotski reaproveitava para os vermelhos. A barca-
ça afundou “acidentalmente” com todos eles a bordo, ao
menos foi a versão que se correu na época. Mas, poste-
riormente, em carta a Vorochílov, Stalin admitiria que
não fora acidente. Quando questionado sobre o aconte-


cimento, teria dito: “A mor-
te resolve todos os proble-
mas. Nenhum homem, ne-
nhum problema”.
A defesa de Tsaritsin
sairia vitoriosa apenas em
outubro de 1918, quando
Stalin fora reenviado à cida-
de, agora com funções mili-
tares. Mas a discussão sobre
os louros dessa vitória, cujos
créditos foram requisita-
dos por Stalin e seus cole-
gas, parecem ser mais justas
se creditadas à Frente Sul,
sob comando de generais
a mando de Trotski. Certo
é que Lênin queria evitar
o conflito entre ambos, e
acabou chamando de volta
Stalin, dando-lhe honras
pela ação. Anos mais tar-
de, Tsaritsin passaria a se
chamar Stalingrado.
A defesa do país se-
guiu-se no decorrer de
1919, quando principal-
mente forças inglesas e
francesas estiveram em
território russo, e o exérci-
to branco chegou próximo
a Moscou e Petersburgo.
Havia desorganização en-
tre eles e, pouco a pouco, suas forças foram abatidas ou
dispersadas pelos bolcheviques. Ao final do ano, a guer-
ra civil estava praticamente decidida a favor de Lênin e
seu grupo. Em 1920, já livres de qualquer ameaça exter-
na, enfim os revolucionários puderam começar a gover-
nar o país.
“O país estava simplesmente arrasado. O produto in-
dustrial registrava um declínio de mais de dois terços.
Na grande indústria, a perda chegava a 80%. A produção
de petróleo, de energia elétrica e de carvão caíra em mais
de 70%. Em relação a outros setores estratégicos para o
equilíbrio da economia, como ferro, aço e açúcar, uma
situação ainda mais desoladora: quase 100% de queda.
(...) Quanto à produção agrícola, diminuição de quase
metade”, escreveu Daniel Aarão Filho sobre o momento
russo no fim da guerra civil.

VITÓRIA E DESCONTENTAMENTO
É interessante relembrar que, desde outubro de
1917, o novo governo vinha incentivando a reforma

O auge da guerra civil aconteceu


com o desembarque de


tropas ocidentais em diversos


pontos da Rússia: americanos


na Sibéria; ingleses pelo norte e


no sul, na região de Baku, onde


ficava a indústria do petróleo


russo; e o conflito com


a Alemanha na Ucrânia


AFP

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