Grandes Ditadores da História - Hitler & Stalin - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1
futurismo italiano, realizou, em 1914, palestras em Moscou para
um grupo de futuristas). Toda a teoria e a arte não-figurativa de
Kandinsky tiveram suas bases fincadas na Alemanha.
O Suprematismo foi um movimento quase exclusivamente de
um único homem, Kasimir Malevich. E tratava-se de uma arte
“de pura abstração geométrica”, nas palavras de Amy Dempsey em
seu livro “Estilo, Escola e Movimentos” (Cosac & Naify, 2003).
Evidente que, em seus quadros, reduzidos à forma do quadrado,
ele pretendia transcender o mundo regido pelas aparências. Essa
transcendência em Malevich está intimamente ligada a um caráter
religioso, católico. Lembremos que a arte russa cultivou ícones até
o século 19, à maneira de Bizâncio. O Estado não só era liberal em
relação à produção dos artistas como também os apoiava. Em 1919,
por exemplo, a série Branco sobre Branco participou da Décima
Exposição Estatal: Criação Abstrata e Suprematismo. Embora
tenha feito desenhos para porcelanas, joalharia e em diversos muros
da cidade, sua obra nunca foi funcionalista ou prática; ela tinha por
ideal alcançar a essência do projeto, a arte pura.
Se o Suprematismo tinha a insistência de Malevich, o
construtivismo teve como figura central Vladimir Tátlin. Como
base, o construtivismo tinha a utilização de materiais industriais,
como o metal, a madeira e o vidro, e sua exibição se dava por meio
de um espaço real tridimensional, como um material escultórico.
A utilização de materiais “reais” conjugados com um espaço
“real” conferia um grande efeito revolucionário ao movimento,
já que atuava diretamente na sociedade. O impacto, para os
construtivistas, deveria ser diretamente exercido sobre a sociedade.
O grande símbolo do movimento é o Monumento à Terceira
Internacional, feito por Tátlin, de 1919. Esta obra foi edificada
para o Congresso da Terceira Internacional Comunista e era uma
espécie de síntese da arte que se quis socialista. Tratava-se de uma

enorme torre em espiral, de ferro, com um centro de informação
que se utilizava de alta tecnologia, a partir de onde seriam
transmitidas notícias e propagandas com telas ao ar livre. Além
disso, havia um outro equipamento, em conjunto à peça principal,
para transmitir imagens nas nuvens.

A vitória do Realismo Socialista
Entretanto, o apoio vindo do Estado não durou muito. Com
a morte de Lênin em 1924, a situação mudou drasticamente.
De fato, as mudanças stalinistas foram taxativas, e a liberdade
artística acabou podada. Em 1932, todo grupo artístico isolado,
portanto livre, foi eliminado, e, em 1934, foi completamente
suprimida toda investida na pesquisa e no incentivo à arte. A
partir de então, a única forma de produção artística aceitável foi
o chamado “Realismo Socialista”. Este movimento foi sancionado
pelo governo, que o indicara como “estilo artístico oficial da União
Soviética”. Logo, todos os artistas tiveram de fazer parte do
Sindicato dos Artistas Soviéticos, que era controlado pelo Estado;
e a criação deveria ser feita de acordo com o modelo aceito. Segundo
Amy Dempsey, “o realismo socialista destinava-se a glorificar o
Estado e celebrar a superioridade de uma nova sociedade sem
classes que estava sendo construída pelos soviéticos”. Ou seja,
não era difícil encontrar, nas pinturas dessa época, retratos de
mulheres e homens no trabalho ou na prática de esporte, em
assembleias políticas ou em outros segmentos sociais. Sua escala
sempre tendeu para o monumental; a ordem era estabelecer
um otimismo heróico. Dessa forma, todo o furor inicial, e a
possibilidade de abertura para uma arte socialista, ou mesmo livre
de qualquer imposição, foram aos poucos suplantados por diversas
medidas que atolaram as artes russas numa série puramente
direcionada à propaganda política.

expressão e dos presos políticos, além de novas eleições
para os sovietes e o fim da ditadura do proletariado, que,
na verdade, se mostrava como o início da ditadura de
um partido. No começo, os bolcheviques negociaram e
aceitaram alguns termos, mas, ao final, fizeram valer sua
vontade, esmagando a rebelião que já ganhava ares de
contra-revolução. Mais de 2.500 pessoas foram deporta-
das ou fuziladas.
A situação política e econômica começava a se esta-
bilizar quando Lênin teve um derrame cerebral. Ali co-
meçava sua derrocada e um processo de substituição do
poder, o qual Stalin manobraria a seu favor até se tornar
governante absoluto. Trotski pagaria caro pela ambição
do “mão-de-ferro”.

“A morte resolve


todos os problemas.


Nenhum homem,


nenhum problema”, Stalin


g uarda artística russa


Assinatura do acordo de
paz com a Alemanha, em
dezembro de 1917
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