Tannemberg e nos Lagos Masurianos. No entanto, depois
das primeiras batalhas de Ypres, o exército do imperador
alemão, kaiser Guilherme II (1888 – 1918), ficou impedi-
do de avançar, e os Aliados não conseguiam fazê-lo recuar.
Começou, então, a guerra de trincheiras: estacionária, la-
macenta, cheia de batalhas de baioneta e de uso de gás vene-
noso, na qual doenças, como o tifo e o tétano, matavam mais
do que as balas e as bombas. Era um conflito sanguinário, lu-
tado por soldados que acabaram se tornando românticos no
ideário e no imaginário da guerra. Guerreiros como o ás Ba-
rão Vermelho que, depois de abater 40 aviões inimigos com
seu biplano nos céus da França, foi pego e enterrado com
honras de herói pelos ingleses que o derrubaram; ou como
os soldados que participaram de um conhecido episódio da
luta nas trincheiras, em que duas tropas inimigas, uma ale-
mã e outra inglesa, de tanta convivência ali, paradas, vigian-
do uma à outra, resolveram estabelecer um cessar-fogo e se
confraternizaram, decidindo suas diferenças políticas e ideo-
lógicas numa amigável partida de futebol.
O ano de 1915 trouxe boas-novas para a Áustria-Hun-
gria. A Sérvia − até então imbatível − e Montenegro caí-
ram no final do ano e os Aliados falharam ao tentar tirar
a Turquia da guerra. Sérvia e Montenegro caíram no final
de 1915 e só as campanhas na Itália, não se concluíam, es-
tacionando um grande contingente de tropas austríacas.
Apesar disso, 1916 foi um ano difícil. O conflito exigiu
recursos que a Áustria não conseguia gerar. O país baseava
a economia na extensão de seu território, recebendo bens
e valores dos reinos que formavam o império. As campa-
nhas eram inconclusivas, principalmente na frente Sul.
Em 1917, as coisas começaram, finalmente, a pender
a favor dos Aliados. No Oriente Médio, o ex-arqueólogo
britânico, e então coronel, Thomas Edward Lawrence, o
Lawrence da Arábia, incitava, com sucesso, a revolta árabe
contra os turcos, seus senhores. No mesmo ano, os Estados
Unidos entraram na guerra devido aos ataques dos subma-
rinos alemães à sua frota, e enviaram uma força expedicio-
nária que desembarcou na França, comandada pelo general
Pershing, responsável por dois milhões de homens.
No decorrer do ano seguinte, a Liga dos Poderes Cen-
trais não conseguiu resistir ao avanço dos Aliados. Da-
masco caiu nas mãos dos beduínos de Lawrence da Ará-
bia e, na Europa, a França foi libertada. Em 11 de novem-
bro de 1918, a Alemanha assinou o armistício. A Liga dos
Poderes Centrais perdia a guerra.
O Império Austro-Húngaro foi esfacelado pelo tratado
de Saint-Germain, que reduziu a Áustria aos seus territó-
rios germânicos, entregando Trentino e Ístria à Itália. Ao
reino dos sérvios, croatas e eslovenos, que depois se cha-
mou Iugoslávia, cedeu a Eslovênia, a Dalmácia, a Croácia e
a Bósnia-Herzegovina. À custa de seus domínios tchecos,
surgiu um novo Estado: a Tchecoslováquia. De um dos
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maiores Estados europeus em extensão, a Áustria ficou re-
duzida a um território de apenas 83.850 km^2. À Hungria
foi imposto o Tratado de Trianon, que a obrigava a ceder
a Croácia, a Eslováquia e a Rutênia à Tchecoslováquia, e a
Transilvânia à Romênia, fazendo que o país fosse reduzido
a um terço do seu território de 1914.
O moral em todo o antigo império estava baixo. Anos
de luta e de sacrifícios não impediram o inevitável: a frag-
mentação da colcha de retalhos étnicos, linguísticos, cul-
turais e religiosos, que uma vez tinha constituído o impé-
rio dos Habsburgo. Quanto à Alemanha, o resultado da
guerra não foi menos catastrófico. Mas, diferentemente da
Áustria, o país não abaixaria a cabeça. Não com alguém
como Adolf Hitler a instigar, nos alemães, a sede de vin-
gança por toda a humilhação que sofreram com a derrota
e por conta do Tratado de Versalhes.
O CABO HITLER
Quando a Alemanha declarou guerra à Rússia, em 1º
de agosto de 1914, e à França, fazendo que a Grã-Breta-
nha entrasse no conflito contra ela, o povo alemão se reju-
bilou. Era a chance que o país tinha de resolver questões
pendentes com essas nações e de ocupar o lugar no mun-
do que julgava ser seu. Adolf Hitler, que havia desertado
do exército austríaco e fugira para Munique, também foi
contagiado. E se ele se recusou a responder à convocação
do exército dos Habsburgo, não titubeou em se alistar nas
forças do país que adotara.
Imediatamente após o início do conflito, em 8 de agos-
to, como o próprio Hitler conta em seu livro Mein Kampf,