tentativa futura de dominação. Assim, os temerosos fran-
ceses valeram-se de sua participação no Tratado de Versa-
lhes para evitar a esperada invasão, espremendo o inimigo
ao máximo.
À França, uniram-se a Grã-Bretanha e os Estados
Unidos, e, juntos, impuseram aos vencidos um fardo avil-
tante. A Alemanha perdeu o direito de convocar seus ci-
dadãos para o serviço militar obrigatório, e, assim, formar
uma força-reserva e ter armamentos pesados. Sua fro-
ta naval foi afundada, o exército desmantelado, e o qua-
dro de oficiais dissolvido. A força aérea militar tinha sido
proibida, assim como a construção de submarinos. O país
podia ter apenas um exército profissional de cem mil ho-
mens para manter a ordem interna. Em termos políticos,
a situação não era menos vexatória. Os americanos, anti-
patizando naturalmente com a monarquia, influenciaram
a deposição do kaiser e a fundação de uma república em
Weimar. Mas a República de Weimar, “com todos os seus
adornos e bênçãos liberais” – conforme Churchill colocou
–, era vista pelos alemães como uma imposição do inimi-
go. “Para muitos patriotas alemães, a república (de Wei-
mar) era uma afronta desde o início, uma vez que só exis-
tia porque a Alemanha fora derrotada”, colocou o histo-
riador J.M. Roberts. O arranjo político não tinha como
preservar a fidelidade ou o imaginário do povo alemão.
Para completar o caos vivido pelos alemães depois da
Primeira Guerra, a situação econômica se tornou insus-
tentável. Pela desorganização política e financeira do país,
bem como pela necessidade de pagar compensações de
guerra entre 1919 e 1923, o que levou a uma enorme im-
pressão de papel-moeda, o marco – a então moeda nacio-
nal da Alemanha – entrou em colapso. Nos estágios finais
da inflação, uma libra esterlina correspondia a 47 trilhões
de marcos. As consequências sociais, econômicas e polí-
ticas dessa inflação foram extensas, marcando profunda-
mente a década de 1920.
Com seis milhões de desempregados, a poupança da
classe média foi devastada. Isso criou uma legião de se-
guidores naturais do nacional-socialismo – a doutrina
política que começava a se esboçar como “solução” para a
catástrofe que assolava o país. Todo o capital de giro de-
sapareceu da Alemanha, o que levou à contratação de em-
préstimos em larga escala. “O sofrimento e a amargura ale-
mães marchavam juntos”, descreveu Churchill. Nesse qua-
dro desesperador, no qual os valores mais intrínsecos do
povo haviam sido esmagados, abriu-se um espaço, logo
ocupado, nas palavras do premiê britânico durante o con-
flito, por “um maníaco de índole feroz, repositório e ex-
pressão dos mais virulentos ódios que jamais corroeram o
coração humano – o cabo Hitler”.
AFP
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(Antfer)
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