O
primeiro livro, Os
Marcos do Desastre,
da grandiosa obra em
seis volumes Memó-
rias da Segunda Guer-
ra Mundial (publicado no Brasil pela
editora Nova Fronteira), de Winston
S. Churchill, narra os acontecimentos
na Alemanha e a ascensão do nazismo
sob o ponto de vista dos britânicos.
Logo na abertura da obra, Churchill
conta que, respondendo ao presiden-
te Roosevelt sobre como este deveria
se referir à Segunda Guerra, o premiê
britânico disse de pronto: “a guerra
desnecessária”. E explica: “Nunca hou-
ve uma guerra mais fácil de se impe-
dir do que essa que acaba de destroçar
o que havia restado do mundo após o
conflito anterior”. Churchill estava re-
almente convicto disso. No primeiro
capítulo de sua obra, apropriadamente
intitulado A Insensatez dos Vencedores,
ele relata condoidamente a situação da
Alemanha após a Primeira Guerra e
Entre-guerras
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Destruído e pobre, o país não
encontrou outra saída além de
um novo embate militar
A tamanha
humilhação
pela qual o país
passava ufanou
os brios de seu
povo, a ponto de os
alemães apoiarem
uma figura como
Adolf Hitler, que
prometia com
tanta convicção
liderar a nação
rumo à conquista do
seu verdadeiro espaço
no mundo
Por Claudio Blanc
demonstra como as condições que os
vencedores impuseram ao país leva-
ram a um novo embate militar. A ta-
manha humilhação pela qual o país
passava ufanou os brios de seu povo,
a ponto de os alemães apoiarem uma
figura como Adolf Hitler, que prome-
tia com tanta convicção liderar a nação
rumo à conquista do seu verdadeiro
espaço no mundo.
A Alemanha saiu da Primeira
Guerra “derrotada, desarmada e fa-
minta”. O país líder da agressão era
considerado por todos como a causa
primordial da catástrofe que a Europa
enfrentara. Só a França havia perdido
1,5 milhão de soldados para se defen-
der. E os problemas entre a França e
a Alemanha eram históricos. Em cerca
de cem anos, os franceses foram ataca-
dos e quase invadidos pelos prussianos
cinco vezes – em 1814, 1815, 1870,
1914 e 1918. Além disso, a população
alemã era quase três vezes maior que
a da França, o que possibilitaria uma