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are. Reflita. Faça uma auditoria em suas ha-
bilidades e competências. Possui todas ou
boa parte das necessárias para enfrentar esse
mundo em ebulição? Se não, a dica de José Sa-
libi Neto é simples: faça um sabático para se reinven-
tar. Autor em parceria com Sandro Magaldi dos best-
sellers Gestão do amanhã e O novo código da cultura,
Salibi levou um ano nesse processo de criação de um
novo frame of mind, e acredita que, atualmente, dois
profissionais nas empresas devem passar por essa ex-
periência o quanto antes: o CEO e o líder de RH. “Não
adianta falar de reinvenção da empresa se a reinvenção
pessoal não acontecer. O RH vai ser fundamental, des-
de que ele se reinvente”, afirma o cofundador da HSM,
que, atualmente, como palestrante, se dedica a ajudar
empresas e profissionais a atingir seu potencial máximo
e a tomar decisões que podem determinar o futuro de
seus negócios e carreiras. Antes de sua participação nes-
ta edição do CONARH, ele conversou com MELHOR
sobre o que é, de fato, importante em um processo de
transformação digital. Sim, são as pessoas!
Diante de tantas mudanças
tecnológicas, o humano é o que vai
se destacar?
Em nosso livro O novo código da cultura – transfor-
mação organizacional na gestão do amanhã, eu e o San-
dro Magaldi destacamos que o grande problema das
empresas estabelecidas em não conseguir acompanhar
as startups e a velocidade tecnológica está exatamente
na questão das pessoas. De forma geral, essas organi-
zações concentraram demais sua atenção em questões
de tecnologia e deixaram as transformações das pessoas
para trás. Vale dizer que digitalização e transformação
digital são coisas completamente diferentes. Digitaliza-
ção é implantar sistemas, softwares na organização. Já
transformação digital tem mais a ver com transforma-
ção cultural, com um novo comportamento, uma nova
cultura, tem mais a ver com novas habilidades que serão
necessárias para competir nesse mundo dirigido para a
tecnologia do que com a tecnologia em si.
De uma certa forma, todas as empresas
têm acesso à tecnologia, mas em
relação às pessoas certas nem sempre...
Sim. E existe um des-
compasso muito gran-
de entre a tecnologia e
o comportamento das
pessoas nas empresas
hoje, principalmente
nas [organizações] esta-
belecidas. Muitas delas
construíram sua cultu-
ra em uma época e em
um mundo que não ti-
nham a velocidade de
hoje. Por exemplo, a Ambev: o Jorge Paulo Lemann [um
dos fundadores do 3G Capital e sócio da AB InBev] veio
a público dizer que se sentia ultrapassado [N.R.: nas pa-
lavras dele, um “dinossauro apavorado” em relação às
mudanças que estão acontecendo no mundo dos negó-
cios atualmente]. E como isso aconteceu? A cultura que
ele construiu com base em eficiência, corte de custo ao
extremo, meritocracia ao extremo e pouca inovação não
funciona mais no mundo de hoje. Ele teve a humilda-
de de afirmar isso e, agora, corre para fazer a transfor-
mação cultural na companhia. A questão central desta
edição do CONARH, #humanize, é mais importante
do que nunca. Mas deixar a empresa humanizada não
significa dizer que “nem tudo é tecnologia”; tudo é tec-
nologia, só que as pessoas têm de estar preparadas, a
empresa tem de ter uma cultura adequada para que a
tecnologia se insira no contexto delas.
Até mesmo para não ficar
refém da tecnologia.
Exatamente. E, nos dias de hoje, vemos esse des-
compasso porque a tecnologia cresce muito mais
rapidamente do que a capacidade do ser humano
em entendê-la. E se a cultura da empresa – que foi
desenvolvida há décadas, tendo servido bem no
passado, em um mundo que não tinha a velocidade
que temos hoje – não for transformada, obviamen-
te as pessoas não conseguirão reagir diante dos de-
safios. A tecnologia, nesse caso, é mais funcional
do que transformacional.
Quer dizer, uma cultura forte,
que gerava uma estabilidade na
Interação
não é
simplesmente
fazer uma
parceria.
Trata-se de
criar valor