Capítulo 17
ENDOCARDITE INFECCIOSA
Daniela Baggio Redini Martins e
Fábio Martins Nardo Botelho
DEFINIÇÃO
Endocardite infecciosa (EI) é a infecção que atinge a superfície endotelial do coração,
podendo acometer primária ou secundariamente as estruturas cardíacas como
válvulas, cordas tendíneas, endocárdio, miocárdio e pericárdio. Geralmente é causada
por bactérias, fungos e outros microrganismos. Caracteriza-se pela presença de uma
vegetação, um coágulo de plaquetas e fibrina contendo leucócitos e hemácias.
EPIDEMIOLOGIA E PREDISPOSIÇÃO
A incidência da EI em adultos varia de 1,7 a 6,2 casos por 100 mil habitantes, com a
proporção de homens afetados maior que a de mulheres (1,7:1). A mortalidade se
aproxima de 30% em 1 ano. De 25 a 50% dos casos de fase aguda requerem cirurgia.
A mortalidade operatória global com EI ativa é de 6 a 25%.
Está, com frequência, associada a dispositivos invasivos como próteses, cateteres e
fios de marca-passo. A população brasileira apresenta má saúde bucal e baixo acesso
a tratamento odontológico, o que aumenta a incidência de EI.
Endocardite infecciosa em valva nativa costuma encontrar fatores predisponentes
como doença cardíaca reumática, cardiopatias congênitas, prolapso de valva mitral,
hipertrofia septal assimétrica, uso de drogas intravenosas, vírus da imunodeficiência
humana (HIV), diabetes melito (DM), má higiene dentária e hemodiálise.
Próteses valvares constituem importante fator de risco. Embora a incidência de EI
seja maior com as próteses mecânicas nos primeiros 3 meses após a cirurgia, as taxas
de infecção se igualam com biopróteses ao longo de 5 anos. Ocorrências de EI até 2
meses após cirurgia são ditas precoces e adquiridas no hospital; em mais de 12 meses
são ditas tardias e adquiridas na comunidade. Entre os 2 e 12 meses estão as
intermediárias, possivelmente de origem hospitalar.
ETIOLOGIA