APRIMEIRAVOLTAAOMUNDO 11
ENTRETANTO, A CONQUISTA DE MALACA, EM 1511,
permitiu a expansão dos negócios dos portugue-
ses pelos mares da Insulíndia e mesmo para o
mar da China até Cantão. Os oficiais régios logo
perceberam que as especiarias raras das Molu-
cas, o cravo, a noz-moscada e a mácide, eram
cruciais para o comércio de Malaca, mas a loca-
lização dessas ilhas gerava dúvidas sobre a sua
relação com a linha de Tordesilhas. Ficavam ain-
da do lado da demarcação portuguesa ou queda-
vam já na área de influência de Castela?
A pergunta alimentava uma discussão teórica
nas cortes peninsulares, mas como eram os úni-
cos a explorar os mares da Ásia, os portugueses
não se preocupavam muito com a dúvida, sobre-
tudo depois de se constatar que os castelhanos
estavam bloqueados pelo Novo Mundo.
Foi neste contexto que Fernão de Magalhães de-
cidiu comprovar a correcta posição das ilhas Mo-
lucas e propôs a Dom Manuel I ir buscá-las pela
via do Ocidente, encontrando uma passagem na
costa americana que lhe permitisse atingir o “mar
do Sul”. O rei português recusou naturalmente
a proposta do seu súbdito, pois a expedição que
ele se propunha realizar deveria atravessar toda
a área que estava reservada a Castela pelo Tra-
tado de Tordesilhas. Note-se que, apesar de os
castelhanos suspeitarem de que os portugueses
já teriam ultrapassado na Ásia a linha de Torde-
silhas, nunca tinham tentado resolver o proble-
ma enviando uma armada aos mares do Oriente
pela via do cabo da Boa Esperança. Percebe-se,
por isso, que Dom Manuel I fosse igualmente es-
crupuloso e que não tomasse decisões que pode-
riam pôr em risco a paz com o reino vizinho, so-
bretudo para resolver umproblematécnicoque
não representava qualquerurgênciaparaa coroa
de Portugal. (Continua na pg. 20)