Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal O Globo/Nacional - Economia
domingo, 24 de abril de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

nossa ação, são todas as de tecnologia, muitas de
fintechs, de mercados emergentes. À que atribuo? Sei
lá, (alta dos) juros do Fed (banco central dos EUA),
guerra na Ucrânia. Tem tanta coisa acontecendo que é
realmente muito difícil. O que importa é o preço da ação
daqui a quatro, cinco anos, quando tiver passado tempo
suficiente para executarmos a tese de investimento que
dividimos com os investidores no IPO, que tem só
quatro meses. Não é nada num horizonte de renda
variável, ainda mais num contexto de turbulência.


Não acompanha a variação das ações em Nova York?


Juro que não fico olhando. Meu marido olha mais que
eu. Às vezes fico duas semanas sem saber onde está (o
valor da ação). Sou pragmática. Caindo ou subindo, o
que vou fazer diferente? Nada. Vamos continuar
fazendo o que nos comprometemos. Tem muita gente
preocupada com recessão, a macroeconomia mais
difícil ou esse ano de eleição, em que muita coisa pode
acontecer. O Nubank foi fundado em 2013, no meio do
rolê do impeachment (de Dilma Rousseff, que acabou
ocorrendo em 2016). A gente só tem experiência no
mercado difícil, não teve um ano de sossego.


O cenário de juros altos não é favorável para as
fintechs. Aumentar a oferta de crédito em meio à crise
não é arriscado?


Estamos num negócio de risco. A questão é como
tomamos esse risco. Tem aquela frase: 'potência não é
nada sem controle'. Quando a pandemia chegou, por
mais que tivéssemos modelos treinados em cenários
adversos, aquilo nunca tinha acontecido. Rapidamente
conseguimos ter indicadores diários de performance de
crédito e apertar eventualmente nas bandas marginais
da concessão, onde a coisa poderia se deteriorar mais
rapidamente. Passamos pelo período mais difícil da
pandemia, do ponto de vista da concessão de crédito,
sem maiores problemas. Temos mecanismos de
controle que provaram que funcionam. Isso dá
tranquilidade para continuar assumindo riscos. As
pessoas não esperavam (juros altos)? Bons
economistas sabiam que, num ciclo em que se gastou
como na pandemia, como o auxílio (emergencial) - não


foi errado, era o que tinha que ser feito - , você joga
esse monte de dinheiro no mercado e vai ter pressão
inflacionária. Tivemos taxa de juros artificial por muito
tempo, haveria um ciclo de retomada de alta,
principalmente onde câmbio e inflação estão. Não era
tão difícil antecipar. E tem a frase do Ayrton Senna:
'Tem gente que reclama da chuva, e tem gente que bate
recorde'.

Para onde estão direcionando a diversificação do
Nubank?

Tem um pouco de tudo. À gente sempre acreditou em
fazer menos coisas, mas bem feitas. Este ano é muito
importante, de crescimento para mercados
internacionais. No Brasil, é expansão de portfólio. A
gente tinha gaps importantes na prateleira, não tinha
seguros, investimentos. E vem fechando essas lacunas.

Como a tecnologia de avaliação de crédito avançou e
que diferença faz o Open Banking?

Open Banking está engatinhando. No fim do primeiro
semestre é que conseguiremos alguns dados. Vai fazer
diferença, ainda não faz. Os modelos que temos são
muito superiores aos do mercado. Aparecem nos
nossos dados de inadimplência, cerca de 30% menores
que a média do mercado em cartões, por exemplo.
Foram desenvolvidos com tecnologia mais moderna e
cruzando dados que outras instituições não estão
acostumadas a usar.

Por exemplo?

Não só dados de bureau, como Serasa, mas também
informações - comportamentais que a gente acaba
coletando. Quando um cliente pede cartão do Nubank
pelo celular, a gente sabe o modelo do aparelho, se
está no Wi-Fi, numa rede aberta, no 3G, 4G ou 5G, a
localização, se tem outra pessoa correlacionada àquele
aparelho. Temos muitas informações que, teoricamente,
nunca tinham sido utilizadas para dar crédito. Isso ajuda
a entender o perfil daquele cliente e ser assertivo na
concessão.
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