34 | Sabor. club [ ed. 33 ]
e receitas próprias de aparição mais comum entre
os pratos do dia, que não demoram a acabar.
Como a paleta de cordeiro confitada na
manteiga com quiabo e cuscuz marroquino. Ou
um joelho de porco defumado e desossado, cozido
em caldo e confitado, servido na panelinha de
ferro fumegante com polenta e agrião. E sabe o
que ela diz que mais gosta de cozinhar e comer?
“Foie gras, rã, escargot, essas coisas”. A pegada
francesa encanta, e Claude jé disse uma vez que o
boeuf bourguignon da Jessica é melhor que o dele.
Recentemente, os dois apresentaram no Chez
Claude uma receita que veio após a viagem
iluminada de Jessica e um grupo de chefs, para
conhecer a pesca de manejo do pirarucu no
Amazonas, com os indíos Paumari. Serviram o
peixe com abacaxi, crosta de castanha do Pará e
beurre blanc de tucupi.
O contato com a natureza através das águas
é intenso, e contraponto necessário à energia e
concentração na cozinha. O surfe é frequente nas
ondas encorpadas do Recreio dos Bandeirantes,
onde mora, na Zona Leste do Rio. “O surfe tem
tudo a ver com uma cozinha que alimenta a alma
e o corpo. Preciso dessa reposição de energias.”
Em cerimônia budista na areia da praia,
Jessica se casou com Carlos Yusa, hoje chef do
Olympe, braço direito de Thomas Troisgros,
que ela conheceu quando o contratou para a CT
Boucherie. Mais coincidências: “Conheci ele na
cozinha e descobri que morava na minha rua da
vida inteira”.
A história de Jessica na cozinha passa pelo
curso da fundação Alain Ducasse, no Rio, e pelo
trabalho no Hotel Transamérica, onde conheceu
um ex-cozinheiro de Claude e fez contato com o
ídolo francês. “Sou persistente, não desisto. Para
mim, não tem ondão”, brinca.
Chez Claude – Rua Conde de Bernadotte, 26,
Leblon, Rio de Janeiro – RJ. Tel.: (21) 3579-1185
“O surfe tem tudo a ver com uma cozinha que alimenta a alma
e o corpo. Preciso dessa reposição de energias”
Nas mãos da chef: torta de limão desconstruída