Vila orgulhosa do seu passado e do seu património cultural e histórico, Mértola é
também um ícone da mais ousada acção de conservação do século XXI em Portugal.
A
MINA É O MELHOR LOCAL do país
para encontrar o raro andori-
nhão-cafre, a par de um vasto
leque de interessantes espécies de
aves. As aves são aliás um dos cartões-
-de-visita da região. Neste montado,
os passeriformes e as aves de rapina
(como a rara águia-imperial) encon-
tram condições para prosperar.
Nos vales mais cavados, esten-
de-se o matagal mediterrâneo, que
se mantém verde e viçoso durante
todo o ano. Nas zonas rupícolas adja-
centes ao Guadiana e afl uentes, avis-
tam-se com facilidade águias-reais,
cegonhas-negras e outras espécies
extremamente raras não apenas em
Portugal, mas em todo o mundo.
No Guadiana e ribeiras afl uentes,
como Limas, Cobres, Terges, Oeiras,
Carreiras e Vascão, existem 16 espé-
cies de peixes de água doce autócto-
nes, dos quais dez são endemismos
ibéricos e quatro estão restritos à
bacia hidrográfi ca do Guadiana.
Entre estes, destaca-se o saramugo,
um endemismo ibérico criticamente
em perigo. Para contrariar este esta-
tuto, foi posto em marcha um plano
de acção que promove campanhas
de monitorização, reabilitação da
vegetação e educação ambiental.
Há muito que a conservação da
natureza deixou de se limitar à re-
dução dos impactes destrutivos do
homem e esta região assume
um papel central naquele que será
provavelmente o projecto de con-
servação mais ambicioso de sempre
em Portugal. Durante a última dé-
cada do século XX, a rarefeita popu-
lação de lince-ibérico em Portugal
parecia caminhar para a extinção.
Parecia mesmo já não restar aqui um
núcleo reprodutor.
A construção do Centro de Infor-
mação e Observatório do Lince-ibé-
rico em São João dos Caldeireiros,
que está a decorrer no âmbito do
Projecto “Por Terras de Lince-ibé-
rico”, promovido pela ADPM em
parceria com as juntas de freguesia
de São João dos Caldeireiros e Al-
caria Ruiva, com o apoio do ICNF
e da Câmara Municipal de Serpa,
co-fi nanciado pelo Turismo de Por-
tugal, vai, a partir do fi nal deste ano,
oferecer uma infra-estrutura que irá
contribuir para saciar a curiosidade
comeste projecto.
A DISTRIBUIÇÃO HISTÓRICA
DE UM VELHO PARCEIRO
Estima-se que, no início do século XX,
o lince-ibérico ainda abundasse nas
regiões assinaladas a bege. Em 1988,
a espécie estava restrita às áreas a verde-
-oliva e, em 2014, os pontos vermelhos
correspondemaosrefúgiosondese
depositamtodasasesperanças.
1900
1988
2014
FONTE: ICNF (2018)
TERRITÓRIOS
LINCE
de
LINCE-IBÉRICO
História da
reintrodução
Há dez anos, foi concluído
em Silves o Centro Nacional
de Reprodução do Lince-
-ibérico e chegaram
de Espanha os primeiros
animais. Nos anos seguintes,
a população em cativeiro
foi crescendo e iniciou-se
o processo de selecção
dos melhores locais
para a libertação.
PONTOS DE
INFORMAÇÃO
1 Centro de interpretação
eobservaçãoemSão
JoãodosCaldeireiros
(^2) Centrodeinterpretação
(^3) Exposiçãona
sededoPNGV
(^4) Quiosque multimédia
Percursos
Percursos
interpretativos
Percursodeligação
Rotaâncora
Portasdeentrada
Área de distribuição
dos linces-ibéricos
no território