VOX - #11

(VOX) #1

38 REVISTAVOX.COM | DEZEMBRO 2018


“Preconceito com o bailarino
homem acontece sim. Eu particu-
larmente nunca dei bola, sempre fui
bem resolvido. Sou cheio de raça e
nunca deixei que nada me atingisse”,
conta aos risos.
Guilherme é prova de como a arte
quebra barreiras geográficas e cultu-
rais. Aos jovens que assim como ele
têm o desejo de seguir este caminho,
sugere: “Se aproxime da arte, procu-
re estar em lugares onde a arte tem
espaço. Não espere acontecer, vá de
encontro ao seu sonho”.

DISCIPLINA É A CHAVE
E LEVA LONGE
Leveza, equilíbrio e flexibilidade
são apenas algumas das habilidades
exigidas de um bom bailarino. Essas
são as qualidades que nós
espectadores conseguimos
observar ao assistir um
espetáculo.
No entanto o que uma
apresentação ao público
não mostra é o trabalho
que existe por trás de todo
bom desempenho na dan-
ça. São horas de ensaios e
anos de aprendizado absolutamente
técnico para que um espetáculo che-
gue perfeito diante da plateia.
Ter disciplina é fundamental para
um bailarino alcançar seus objetivos.
É nisso que a professora, coreógrafa e
bailarina Marina Gregolin acredita e
coloca em prática em sua escola.
“Na minha casa sempre aprendi
que sem disciplina não alcançamos
nada na vida. Eu sempre fui muito
aplicada na dança e na vida e minha
proposta de ensino sempre foi basea-
da em disciplina”, conta.
Marina começou no ballet aos
cinco anos de idade. Estudou com a
professora Alice Teruel em Dracena
e depois aos oito anos entrou para
o Studio de Dança Leila Salle. Lá se
identificou logo de cara com o jazz,
uma forma de expressão pessoal
criada e sustentada pelo improviso,
mas nunca deixou de lado a técnica
da dança clássica.
“A Leila foi uma professora que
enxergou em mim um talento como
bailarina, dentro da escola dela exis-

tia o Grupo Camafeu, no qual entrei
aos 12 anos, a caçulinha. Esse grupo
foi e é muito importante na minha
história”.
Desde muito nova ela começou
a viajar para concursos e apresenta-
ções. O gosto pela dança só aumentou
com o passar dos anos, os resultados
começaram a aparecer e ela sabia que
tinha que seguir na arte.
Quando chegou o momento de
optar por um curso universitário não
pensou duas vezes e foi atrás daquilo
que sempre a realizou. Com o apoio
dos pais se formou em dança pela
FAP (Faculdade de Artes do Paraná)
e deu início a carreira longa e promis-
sora.
“Meus pais sempre me apoiaram
muito, minha mãe sempre foi da se-

guinte opinião: Faça o que você ama e
faça bem feito”.
De volta a Dracena, foi convidada
pela antiga professora a remontar e
dirigir o Camafeu. A antes caçulinha
do grupo começava uma nova etapa
na vida de bailarina, agora como
coreógrafa. “As coisas começaram a
dar muito certo, viajávamos, tivemos
ótimos resultados e conquistamos
prêmios. Depois de dois anos traba-
lhando com a Leila ela resolveu se
mudar para Londrina. Então resolvi
abrir a minha própria escola que
completou 20 anos”.
Desde o princípio Marina levou
o ballet a sério, e conta que o come-
ço de sua escola foi desafiador. “A
minha proposta de ensino sempre foi
baseada na disciplina, foi assim que
aprendi e é assim que alcançamos
resultados. Muitas pessoas falavam
pra eu ir para um lado mais comer-
cial, porém escolhi o caminho da
qualidade”.
Os anos passaram e mostraram
que a escolha de Marina foi a mais

certa possível. E ao dizer que a disci-
plina leva longe, nós queremos dizer
longe mesmo.
Durante uma apresentação onde
ela tinha coreografado um musical,
foi convidada por Fernanda Cham-
ma, um dos nomes mais importantes
do país quando se fala em musicais, a
estudar um período em Nova Iorque.
Além disso, quase na mesma épo-
ca o Camafeu também foi convidado
a participar de uma seletiva para um
concurso em Nova Iorque, e passou,
foi um entre os 10 grupos brasilei-
ros selecionados para representar o
Brasil.
“Fui para Nova Iorque e lá passei
15 dias estudando na Broadway.
Alguns meses depois voltamos com o
grupo para competir e ficamos entre
os 10 melhores da nossa
categoria. Tudo foi uma
grande conquista e um
sonho realizado”.
Em 2014 o Camafeu
participou novamente de
uma seletiva agora com
outra geração de meninas e
novamente foi selecionado
para ir aos Estados Unidos.
Marina é reconhecida por seu talento
para coreografar, seus espetáculos
são sempre pensados minuciosa-
mente desde a luz até o conceito final.
Segundo ela, a qualidade alcançada
vem da autocrítica e por achar que
sempre pode fazer melhor. A verdade
é que este dom para coreografar já
rendeu a professora várias oportuni-
dades.
“Há dois anos recebi um novo
convite da Fernanda Chamma para
trabalhar em uma de suas escolas
Only Broadway. É um sonho, uma
honra, mas é difícil largar tudo. Te-
nho meus filhos, minha escola e tudo
que conquistei por aqui”.
Toda a exigência com ela mesma
é perceptível no desempenho de alto
nível na dança, sua flexibilidade e
técnica. Mas o mais importante para
a bailarina é a possibilidade que a
arte traz para vida de quem escolhe
este caminho. “Procuro levar princí-
pios e valores através da dança, a arte
faz milagres e com ela podemos ser
muito mais felizes”, finaliza.

“Procuro levar princípios e valores


através da dança. A arte faz milagres


e com ela podemos ser muito mais


felizes”. Marina Gregolin

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