EDITORIAL - Gambiarra e inovação?
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Revista Meio & Mensagem (2)/Nacional - Editorial
segunda-feira, 23 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: ALEXANDRE ZAGHI LEMOS
Improvisação criativa, feita com jogo de cintura que
expressa o poder de adaptação e flexibilidade, é uma
das características brasileiras, que se torna ainda mais
vital em ambientes de escassez de recursos e
incentivos
Ao apresentarem o que seria a abertura da Olimpíada
do Rio de Janeiro, em 2016, os idealizadores do show
disseram que o evento fora construído com o “espírito
da gambiarra”. Na ocasião, Daniela Thomas, uma das
diretoras do espetáculo, também se referiu a essa
característica como “MacGyverismo” - referência ao
clássico seriado, que no Brasil se chamou Profissão:
Perigo, no qual um agente secreto resolve problemas
complexos criando engenhocas a partir de objetos
comuns. “Não temos como fazer, mas faremos”,
explicou Daniela.
Com diversos momentos lúdicos, a cerimônia
transmitida ao mundo emocionou e impressionou com a
exaltação de brasilidades universais (Gisele Bündchen,
Oscar Niemeyer, Garota de Ipanema...) para
abordagem de temas urgentes, como aquecimento
global e diversidade. E fez isso enfrentando o cenário
de cortes no orçamento (foi a abertura mais barata das
Olimpíadas nas últimas décadas), atrasos em obras e
deterioração da situação econômica e política do País.
A palavra gambiarra, no mesmo sentido de
improvisação criativa, feita com jogo de cintura que
expressa o poder de adaptação e flexibilidade, foi usada
na semana passada pela consultora Monique Evelle,
durante sua apresentação no Marketing Network Brasil,
evento realizado por Meio & Mensagem, em Salvador.
Uma de suas provocações aos participantes foi o
questionamento de por que gambiarra não é
considerada inovação?
Monique vê aí uma visão preconceituosa entre ideias,
projetos e startups gerados no Vale do Silício, polo
tecnológico da Califórnia, e no Vale do Silêncio, como
ela chama as periferias urbanas, comunidades e favelas