Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-29)

(Antfer) #1

Rosely Sayão - Esperar não faz bem às crianças


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
Sunday, May 29, 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Rosely Sayão


Quando as escolas estavam funcionando plenamente,
antes da pan-demia, fui visitar duas delas, a convite.
Gosto de fazer isso principalmente nos horários de
entrada, recreio e saída porque é quando percebemos
como se dá a convivência dos alunos no espaço
escolar, quando eles estão mais livres, e se há
educadores presentes nesse período.


Nas duas, escolhi a saída, e levei um susto porque fazia
um bom tempo que não tinha a oportunidade de
observar a dinâmica desse horário. Meu susto? O alto
número de alunos que ficava muito tempo após o
término das aulas aguardando que os pais fossem
buscá-las. E é preciso aqui apontar que eram alunos da
educação infantil e do ensino fundamental 1, ou seja,
crianças.


A lembrança dessas visitas me surgiu quando li no
noticiário que uma criança de 7 anos ficou presa em
uma escola do interior de São Paulo por cerca de cinco
horas, após as aulas terminarem, até que fosse
resgatada. Criança não gosta de ser das últimas da


classe ou da escola a ir para casa. E não se trata, aqui,
apenas de ela ficar desgostosa ou magoada com seus
pais por ter de esperar muito tempo por eles. A
sensação que a criança tem, ao ver seus colegas
partirem e ela ficar, é de abandono. E já sabemos, faz
um bom tempo, que tal sensação, além de provocar
sofrimento, pode afetar o desenvolvimento e a saúde
mental da criança.

Já faz algumas décadas que os pais ficam tranquilos
quando o filho está na escola, e não só pela
aprendizagem que pode adquirir, mas também porque
consideram que a criança está em um ambiente seguro
e monitorado por adultos responsáveis. Foi assim que,
pouco a pouco, muitos pais passaram a se atrasar para
buscar os filhos na escola. Para algumas escolas, isso
virou rotina, tanto que já oferecem atividades
extracurriculares no horário.

A realidade é que muitos pais não conseguem buscar o
filho pontualmente por causa do horário do trabalho.
Nesses casos, é preciso buscar, na rede de apoio da
família, quem possa substituir os pais nessa tarefa para
que não seja a criança prejudicada. Não há rede de
apoio familiar ou de amigos? Quem tem filhos precisa
construir essa rede. É por isso que, hoje, faço um
pedido aos pais e familiares de crianças: não deixem os
filhos na escola esperando muito tempo. Não faz bem a
eles essa espera. E, para a criança, 15 minutos pode
durar uma eternidade.

Lembrete: em tempos de co-vid, não leve seu filho para
a aula caso ele tenha algum sintoma. O melhor lugar
para a criança doente é em casa ou na de alguém da
família.?

É PSICÓLOGA, CONSULTORA EDUCACIONAL E
AUTORA DO LIVRO EDUCAÇÃO SEM BLÁ-BLÁ-BLÁ

Para elas, mais 15 minutos na hora da saída da escola
podem durar uma eternidade

COLUNISTAS
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