Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-29)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
Sunday, May 29, 2022
Banco Central - Perfil 1 - Caderneta de poupança

anunciados por influencers. A maioria (66%) informou
que não comprou por não sentir confiança no que foi
apresentado.


GABRIELA MARQUES*,


7 Obonecagabimarx Desde que Gabi nasceu, ela
chamava a atenção. Todo o mundo dizia que eu devia
fazer um Instagram para ela. Eu trabalhava no GDF
(Governo do Distrito Federal), ocupando um cargo de
confiança.


Mas eu e meu marido, que também ocupava um cargo
comissionado, fomos demitidos. Com duas crianças,
precisamos nos mexer. Comecei a fazer salgados, ele
trabalhava de motorista. Inscrevi a Gabi aos três anos
em uma plataforma para formar influencers mirins, a
Mini Fashionista. Pagava uma mensalidade de R$ 50,
eles inventavam eventos, a gente tinha que vender o
ingresso, conseguir patrocinador. Era uma exploração.
Saímos depois de um ano. Mas de certa forma os
eventos ajudaram a aumentar a visibilidade da Gabi e
foi quando eu firmei as primeiras parcerias comerciais.
Nem acreditei quando uma confecção de Santa
Catarina, a Alakazoo, entrou em contato há dois anos e
perguntou quanto eu cobrava por uma campanha no
Instagram. Foi a primeira vez que ela ganhou dinheiro,
mais de R$1. 000.


Não sabia fazer nada na internet e tive que aprender.
Eu não parava de abastecer o Instagram, mas fazia no
tempo dela. Hoje o que ela ganha vai para o curso de
teatro, uma poupança e ajuda nas contas da casa. Um
dia, ela vai saber o quanto ajudou a família inteira
*Depoimento dado por


Karoline Marques da Silva,


42, mãe da menina


JOSÉ EDILSON


OLIVEIRA NETO, 28 O zena rede


No fim de 2016, quando terminei de cursar engenharia


de produção, queria continuar no

Pará. Criei um canal no YouTube para falar da
autoestima de ser paraense, do nosso povo. Não tinha
patrocínio. Se um amigo abria uma padaria, um
negócio, me dava uma ajuda. Eu fazia tudo: roteiro,
gravação, edição. Para pagar as contas, comecei

a trabalhar em uma cooperativa de catadores. Até que
em 2017 fui chamado pela Natura para trabalhar na
articulação da empresa com comunidades extrativistas
e ribeirinhas. No Instagram, comecei a compartilhar meu
trabalho. As pessoas passaram a pedir minha opinião
sobre viagens ou contatos com artistas indígenas.

O número de seguidores pulou de 6. 000 para 10 mil. O
primeiro post patrocinado foi em 2020. Eu jamais faria
um vídeo sobre fast food, não está na minha essência.
Também não falo de mineradora. Ainda hoje, me
incomoda perceber que a Amazônia é muito
estereotipada. Fiquei decepcionado com a primeira
temporada

de 'Cidade Invisível', da Netflix, que retratou o folclore
da região de forma desrespeitosa. Soube que não havia
participação indígena e fiz uma live no Instagram. O
pessoal da série começou a me seguir e hoje há artistas
indígenas na segunda temporada. Neste ano me mudei
para São Paulo e contratei uma agência. Quero
entender melhor meu papel e defender a Amazônia e os
povos da floresta

NATHALY DIAS, 29 O blogueira de baixa renda Eu
comecei a fazer posts no Instagram em 2018, porque
estava de saco cheio de ver só gente rica e feliz
postando. Eu era estagiária na época e ganhava R$ 700
por ser responsável pelo departamento financeiro de
uma empresa.

Comecei a postar fotos da minha faxina, sabia que ia ter
gente querendo ver a vida como ela é.

Mas meu celular era ruim, em casa, a gente não tinha
cartão de crédito. Minha mãe teve que pegar um cartão
emprestado para comprar um celular de R$1. 500 em
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