Fã de Boyd
Coddington, o
brasileiro Donizete
Costalonga já
construiu mais
de 50 hot rods,
dos clássicos
(acima) aos rat
rods (ao lado),
ultrarrefinados,
mas com decoração
padrão ferrugem
Motores V8 são quase que obrigatórios
nos hot rods projetados por Costalonga
FEVEREIRO QUATRO RODAS 17
T
odo adolescente tem o seu
grande herói. Na maioria das
vezes, um personagem de his-
tória em quadrinhos ou de um filme
que toma conta do nosso imaginário.
Mas para Donizete Costalonga, cons-
trutor de hot rods, hoje com 48 anos,
o herói de infância foi Boyd Cod-
dington, considerado por muitos
como o rei desse tipo de automóvel.
Costalonga só não imaginava que,
anos depois, seu ídolo continuaria
sendo sua fonte de inspiração.
Desenhado, executado e lançado por
Donizete, um roadster amarelo, bati-
zado Coadster, foi feito em homena-
gem ao americano, falecido em 2008.
“Desde criança, lia tudo o que en-
contrava sobre as criações de Boyd
Coddington. Foi com ele que aprendi
a gostar de hot rods”, relembra. A
primeira oficina de Donizete, a
Costalonga Hot Rods, surgiu quando
ele tinha 16 anos, logo após sofrer um
acidente de moto que lhe custou a
perda da perna direita. Apesar de al-
gum conhecimento sobre o assunto,
nos primeiros anos da oficina,
Donizete precisou de uma boa dose
de intuição. E sorte também. “Para
terminar meu primeiro projeto, que
teve como base a carroceria de um
Ford da década de 30, precisava
amarrar o carro nos postes de luz para
que os catadores de ferro-velho não a
levassem embora”, diz, recordando o
tempo em que, por falta de espaço,
guardava suas criações na rua.
Hoje, a oficina, que fica em Santo
André (SP), conta com muito mais
espaço para atender à demanda.
Mais de 50 carros já foram feitos na
Costalonga Hot Rods e enviados para
todo o Brasil. “Nenhum projeto é
igual ao outro. Todos têm caracterís-
ticas, processos e personalidade
próprios, mesmo sendo do mesmo
ano ou marca”, diz Donizete.
Costalonga conta que seus proje-
tos têm participação direta dos donos
e que o valor final depende do gosto
- e do bolso – de cada um, mas par-
tem de R$ 100.000. “O hot rod mais
valioso que já fiz foi também o mais
complexo, um Corvette 1958, batiza-
do como Black Bird”, diz.
Além de desafiador, o projeto
Black Bird deu notoriedade ao cons-
trutor entre os amantes da cultura
hot rod. “Em 2005, ele ganhou um
troféu por ter se destacado no
Encontro de Carros Antigos de Águas
de Lindoia, interior de São Paulo”, diz
Donizete, todo orgulhoso pelo reco-
nhecimento oficial de sua criação.