70 QUATRO RODAS FEVEREIRO
CLÁSSICOS
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GURGEL X-15/G-15
A
década de 70 foi um dos perío-
dos mais felizes para o enge-
nheiro João Augusto Conrado
do Amaral Gurgel. Além do jipinho
Xavante X-12, o industrial diversifi-
cou sua linha com o X-20 em 1977,
uma picape de dimensões conside-
ravelmente maiores. Um ano depois,
a empresa sediada em Rio Claro (SP)
apresentou um novo conceito de uti-
litário: o jipão X-15.
Originalmente desenvolvido para
uso militar, era caracterizado pelo de-
senho rústico e abrutalhado, com li-
nhas retas e angulares muito seme-
lhantes às de um veículo blindado. O
elemento de estilo mais marcante era
o enorme para-choque com faróis
embutidos, com altura suficiente para
encarar os barrancos mais íngremes.
A capacidade off-road era típica da
marca, evidenciada pelos bons ângu-
los de entrada e saída (50 e 45
o
), en-
tre-eixos curto (223 cm) e elevado
vão livre do solo (35 cm). A ausência
da tração 4x4 era compensada em
parte pelo sistema Selectraction, atu-
ando como bloqueio seletivo das ro-
das traseiras acionado por duas ala-
vancas entre os bancos dianteiros.
Ambos eram impulsionados pelo
tradicional motor VW 1600 a ar, tra-
balhando em conjunto com o câmbio
de quatro marchas e relação de dife-
rencial intermediária (4,125:1). A
longeva parceria com a Volks decor-
reu de um relacionamento pessoal de
João Gurgel com Bobby Schultz-
Wenk, primeiro presidente da filial
brasileira. Da Kombi vinham rodas,
Destinado ao transporte de soldados e armamentos, o Gurgel X-15 foi aclamado
democraticamente por uma multidão de entusiastas – POR FELIPE BITU | FOTOS CHRISTIAN CASTANHO
Militar da reserva
Ângulo de ataque
é de 50 graus,
melhor que o
de muitos 4x4
Excelente visibilidade para o motorista
A espuma dos
bancos era
o único luxo
oferecido
aos sete
passageiros