Público • Sexta-feira, 1 de Novembro de 2019 • 15
POLÍTICA
Justiça
A 26 de Setembro deste
ano, o Ministério Público
deduziu acusação
contra 23 arguidos
O prazo para os arguidos que foram
acusados no caso de Tancos pedirem
a abertura da fase de instrução do
processo foi alargado até 25 de
Novembro, disse à agência Lusa fonte
ligada ao processo. “O prazo foi alar-
gado para 25 de Novembro por deci-
são do juiz”, indicou a fonte.
No inquérito relativo ao furto e pos-
terior recuperação das armas de Tan-
cos, dirigido pelo Departamento
Central de Investigação e Acção Penal
(DCIAP), o Ministério Público acusou
23 pessoas, entre as quais o ex-minis-
tro da Defesa José Azeredo Lopes, que
se demitiu do cargo na sequência das
revelações e da polémica em torno do
caso. A acusação foi revelada em ple-
na campanha eleitoral para as legis-
lativas, a 26 de Setembro, o que moti-
vou várias críticas e uma reunião da
comissão permanente da Assembleia
da República após as eleições.
Aos arguidos são imputados crimes
de terrorismo, associação criminosa,
denegação de justiça, prevaricação,
falsiÆcação de documentos, tráÆco de
inÇuência, abuso de poder, recepta-
ção e detenção de arma proibida.
Nove dos 23 arguidos foram acusa-
dos de planear e executar o furto do
material militar dos paióis nacionais
e os restantes 14, entre eles o ex-mi-
nistro Azeredo Lopes, da encenação
Prazo para requerer
abertura de instrução
do caso de Tancos alargado
até 25 de Novembro
que esteve na base da recuperação do
equipamento.
O caso do furto das armas dos
Paióis de Tancos, que abalou o pres-
tígio da instituição militar, foi tornado
público pelo Exército a 29 de Junho
de 2017, com a indicação de que ocor-
rera no dia anterior, tendo a alegada
recuperação/achamento do material
de guerra furtado ocorrido na região
da Chamusca, no distrito de Santa-
rém, em Outubro de 2017, numa ope-
ração que envolveu a Polícia Judiciá-
ria Militar (PJM), em colaboração com
elementos da GNR de Loulé.
Vários altos responsáveis da Polícia
Judiciária Militar e elementos da GNR
de Loulé estão entre os acusados.
Após a acusação e em comunica-
do enviado à agência Lusa, Azeredo
Lopes considerou que “a acusação
é eminentemente política, não ten-
do factos e provas a sustentá-la”, e
reiterou que nunca foi informado
sobre o alegado encobrimento na
recuperação das armas furtadas dos
Paióis de Tancos. O antigo respon-
sável pela pasta da Defesa avançou
ainda que pretendia solicitar “no
prazo devido a abertura de instru-
ção” e criticou a sua condenação
“na praça pública, sem ter tido pos-
sibilidade de defesa”.
“Estou convicto de que serei com-
pletamente ilibado”, declarou então
Azeredo Lopes.
Além do ex-ministro da Defesa
Nacional, também o major Vasco Bra-
zão e o coronel Luís Vieira, ambos da
Polícia Judiciária Militar, todos argui-
dos no processo de Tancos, já mani-
festaram a intenção de requerer a
abertura de instrução.
Assalto em Tancos foi revelado em finais de Junho de 2017
O Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, teve alta ontem de
manhã depois de ter sido submetido
a um cateterismo na quarta-feira no
Hospital de Santa Cruz, em Carnaxi-
de. “Sinto-me verdadeiramente
melhor do que me sentia ontem a esta
hora quando entrei”, disse aos jorna-
listas à saída do hospital.
Marcelo diz que terá uma “agenda
normal” a partir de domingo ou
segunda-feira e que está “com tanta
energia” que terá uma série de inicia-
tivas e compromissos de seguida.
“Para a semana teremos a Web
Summit, terei de me lançar outra vez
a uma tarefa que está agora com a
chegada do Inverno ainda mais pre-
mente, que é a dos sem-abrigo, e logo
a seguir terei uma visita de Estado a
Itália e logo a seguir uma ida a Paris”,
mencionou, observando: “Para quin-
ze dias, não é mau.”
Questionado sobre a sua recandi-
datura ao cargo, o Presidente da
República disse que a saúde é um fac-
tor importante. “Posso dizer que,
tendo corrido bem esta cirurgia e sen-
do a evolução seguinte positiva, isso
é um factor positivo na ponderação
que irei fazer daqui por um ano, em
Outubro do ano que vem.”
Recandidatura de
Marcelo volta a estar
em cima da mesa
“É evidente que não escondo que
é bom, mas é sobretudo bom para a
minha saúde e para o desempenho
deste mandato realmente sentir-me
melhor do que me sentia”, acrescen-
tou, deixando elogios ao SNS, ao Hos-
pital de Santa Cruz e a toda a equipa
que lhe permitiu ter alta “em tempo
recorde”.
Marcelo Rebelo de Sousa deu entra-
da naquela unidade hospitalar do
distrito de Lisboa para fazer um cate-
terismo cardíaco, que, segundo o
comunicado da equipa médica, con-
Ærmou “a existência de obstruções
coronárias importantes que foram
tratadas no mesmo procedimento,
com sucesso e sem complicações”.
Sobre a recandidatura, Marcelo
Rebelo de Sousa havia dito, quando
completou o primeiro ano de manda-
to, em Março de 2017, que iria pesar
os vários factores para a sua decisão
no Verão de 2020, prazo que desde
então repetiu inúmeras ocasiões. No
mês passado, questionado sobre o
assunto, respondeu: “Antes do Ænal
de Setembro ou Outubro do ano que
vem haverá novidades.” Ontem dei-
xou claro que “essa ponderação será
feita em Outubro do ano que vem”,
já depois do Verão.
Marcelo defende que os políticos
em funções de responsabilidade
como a cheÆa do Estado não devem
omitir possíveis problemas de saúde,
têm o dever de os tornar públicos.
Durante o seu mandato, Marcelo
foi já operado de urgência a uma hér-
nia umbilical. com Lusa
Texto editado por Sónia Sapage
[email protected]
Presidência da República
Sofia Correia Baptista
O facto de intervenção ter
corrido bem é um “factor
positivo na ponderação”
para a recandidatura,
assume o Presidente
Após intervenção,Presidente assumiu que se sente melhor
MIGUEL MANSO
Breves
Água
Floresta
Ministro do Ambiente
recusa que exista
falta de água no Tejo
BE questiona Governo
sobre gestão de
matas litorais ardidas
O ministro do Ambiente e da
Acção Climática, João Pedro
Matos Fernandes, recusou
ontem que o rio Tejo esteja a
atravessar um período de falta
de água, sustentando que o
problema está num afluente, o
rio Pônsul. “O rio Tejo não tem
falta de água. Onde existe falta
de água, existe de facto, é num
afluente do rio Tejo, na
margem direita, que é o rio
Pônsul”, afirmou. No
encerramento do debate
sobre o Programa do Governo,
Matos Fernandes disse que “a
falta de água do rio Pônsul tem
que ver com o facto de a
albufeira onde esse rio tem a
sua foz ter pouca água”.
“Ninguém pôs nenhuma rolha
na nascente do rio Pônsul”,
sublinhou o ministro.
Os deputados do Bloco de
Esquerda questionaram ontem
o Governo sobre o ponto da
situação da reflorestação e
gestão das matas litorais
ardidas em 2017. Ricardo
Vicente e José Manuel Pureza,
eleitos pelos círculos de Leiria
e Coimbra, distritos onde se
localizam as matas litorais
ardidas, questionaram o
Ministério do Ambiente sobre
se já existem Planos de
Reflorestação para cada uma
das Matas Nacionais e
Perímetros Florestais (PF)
ardidos em 2017 e, se sim,
“onde estão disponíveis para
consulta”. Os bloquistas
querem saber qual a dimensão
da área ardida que ainda tem
madeira por cortar e que
proporção desta área possui
madeira com interesse
comercial.
MIGUEL MANSO