24 • Público • Sexta-feira, 1 de Novembro de 2019
LOCAL
EMEL admite diƊculdades em
Ɗscalizar estacionamento à noite
FRANCISCO ROMÃO PEREIRA
Muitos moradores queixam-se de chegar a casa e verem os lugares de residentes ocupados
Uma das principais queixas dos
moradores automobilizados de Lis-
boa encontra eco no Plano de Activi-
dades e Orçamento (PAO) da EMEL
para 2020. A empresa assume que
não tem conseguido Æscalizar eÆcaz-
mente o estacionamento à noite e
quer, por isso, contratar mais traba-
lhadores, embora admita que tam-
bém tem falhado nesse objectivo.
“Em áreas signiÆcativas da cidade
há sérios problemas de estaciona-
mento desordenado durante a noi-
te”, lê-se no documento a que o
PÚBLICO teve acesso. “Residentes
em zonas com vários estabeleci-
mentos de diversão nocturna
enfrentam diÆculdades de estacio-
namento superiores às observadas
nas zonas de estacionamento de
duração limitada com maior pres-
são durante o dia.”
Perante este cenário, a EMEL admi-
te que “ainda não conseguiu montar
um dispositivo nocturno suÆciente-
mente consistente para atender a
todos estes apelos”.
A empresa reconhece, assim, a
necessidade de fazer um “grande
volume de admissões no próximo
ano”. O PAO, que foi votado ontem na
câmara e ainda será debatido na
assembleia municipal, prevê a con-
tratação de 81 trabalhadores em 2020,
a maioria para fazer Æscalização.
“O efectivo de Æscalização da EMEL
tem sido confrontado com constran-
gimentos signiÆcativos, especialmen-
te ao longo do último ano. Com o
alargamento da área sob gestão ao
ritmo que se observou era necessário
um substancial aumento dos colabo-
radores que compõem o efectivo,
algo que a empresa não conseguiu
fazer em linha com o dimensiona-
mento que se considera adequado”,
diz o documento.
A EMEL anunciou em 2017 que ia
começar no ano seguinte a fazer Æs-
calização durante as 24 horas do dia,
em vez de apenas no período diurno.
Essa promessa tarda em sair do papel
e avolumam-se as reclamações de
lisboetas que chegam a casa e depa-
ram com os lugares — muitas vezes
exclusivos a residentes — indevida-
mente ocupados.
Segundo o PAO, em 2020 a EMEL
quer inaugurar sete novos parques
de estacionamento. O maior deles
Æcará na Pontinha e terá 400 lugares.
Para 2022 Æca prometida a abertura
de um outro parque no mesmo local,
com 1800 lugares.
Os restantes parques a abrir no
próximo ano Æcam no Beato (110
lugares), Arroios (60), Quinta Ben-
saúde (390), Rua Conde Nova Goa
(88), Mercado do Lumiar (200) e Rua
José Estêvão (200). Serão, ao todo,
1448 novos lugares de estacionamen-
to automóvel. Para 2021 e 2022 estão
previstos parques novos em Campo-
lide (150 lugares), no Mercado de
Alvalade (360) e no Bairro Alto (100).
O objectivo da EMEL é chegar a 2022
com 11 mil lugares em parques.
O documento contempla ainda um
investimento de 13 milhões até 2022
na rede pública de bicicletas partilha-
das, a Gira.
Carris prevê mais utentes
Por seu lado, a Carris prevê ter mais
11,6 milhões de passageiros em 2020
do que no Æm deste ano. A empresa
lisboeta, desde 2017 na esfera muni-
cipal, conta transportar 127,4 milhões
de pessoas no próximo ano e espera
que a frota já esteja próxima dos 700
autocarros.
No PAO para 2020, a Carris assume
que este aumento esperado de pas-
sageiros é o mais expressivo desde
que a empresa passou para a gestão
da autarquia e que isso se deve, em
grande medida, à redução do preço
dos passes.
A transportadora revela que tinha
611 autocarros no Æm de 2018 e que
espera terminar este ano com 666
(mais 55). Daqui a um ano a expecta-
tiva é que a frota atinja os 693 veículos
e, em 2023, os 736. Quanto a eléctri-
cos, só deve haver reforços no segun-
do semestre de 2021.
No orçamento para 2020, a fatia
maior de despesa está reservada à
compra e reparação de autocarros
(26,9 milhões), havendo ainda 1,5
milhões para reparação de eléctricos
e 1,3 milhões para linha férrea.
Empresa quer fazer um “grande volume de admissões” de pessoal em 2020 para colmatar as falhas
na Äscalização. Até 2023 está previsto um investimento de 18,5 milhões de euros em novos parques
Lisboa
João Pedro Pincha
Manuel Salgado reconduzido na liderança da SRU
Votação decorreu ontem e contou com apoio da vereadora do PSD
O
ex-vereador do Urbanismo
de Lisboa Manuel Salgado
foi ontem reconduzido
como presidente da SRU, a
empresa municipal à qual a
câmara entregou a execução das
grandes obras. Tal como se
esperava, a continuidade do
arquitecto na empresa teve nove
votos a favor e oito contra.
A votação foi secreta, mas
CDS, PCP, BE e um vereador do
PSD anunciaram publicamente
que votariam contra. O outro
eleito do PSD, Teresa Leal
Coelho, disse, no entanto, que
votaria a favor, o que
desempatou o escrutínio. A
comissão política da concelhia
social-democrata tinha dado
indicação para os vereadores
votarem desfavoravelmente.
Salgado entrou para a
liderança da empresa há um ano
por ser vereador do Urbanismo.
Como entretanto abandonou
esse cargo, tornou-se necessário
votar a sua continuidade, uma
vez que passou a ser um simples
cidadão.
Desde cedo que houve
oposição à continuidade de
Salgado na empresa municipal e
o BE, parceiro de governação de
Medina, foi o primeiro a
demonstrá-la. Também o
CDS e o PCP se mostraram
contra a manutenção de
Salgado, mas onde o
assunto fez correr mais
tinta foi no PSD. A
comissão política da
distrital opunha-se à
recondução mas
Teresa Leal Coelho não seguiu a
orientação. A comissão política
emitiu um comunicado em que
anuncia que “irá reunir, analisar e
levar a cabo todas as diligências
adequadas, necessárias e
indispensáveis a esclarecer
todos os factos que se
consumaram na votação e
consequente decisão em causa,
bem como, tomar no seu devido
tempo, posição política sobre o
resultado de tais diligências”.
Ontem foi também aprovado
o orçamento municipal pelo
executivo para 2020 com
os votos favoráveis do PS,
Cidadãos por Lisboa e BE.
Toda a oposição votou
contra. A discussão segue
agora para a assembleia
municipal.
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