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todas as pessoas, não apenas as neuróticas, mas
também as saudáveis, teriam, uma vez ou outra, esse
tipo de pensamento: era esse o solo comum em que
brotavam nossos desejos, e assim como somos capazes
de reconhecer que nem todas as nossas intenções são
altruístas, mas ao contrário, gostaríamos de obter
algum benefício, mesmo que pequeno, de cada uma
das nossas ações, nem que seja a satisfação moral de ter
tido uma atitude não egoísta, também Freud percebia
que os sonhos carregavam características nem sempre
agradáveis, mas sempre verdadeiras, elucidativas a
respeito do que o motivava não apenas durante o sono,
mas durante a vigília também.
Sendo assim, a despeito das confissões em que
alguns sonhos se transformavam e que ele prontamente
relatava a seu amigo Wilhem Fliess, o que mais
interessava a Freud era o que eles diziam a respeito
do mecanismo do inconsciente. Por isso, começou a
estudar, em seus próprios sonhos, os mecanismos que
os construíam. É o que veremos a seguir.