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esde o começo de suas pesquisas, Freud havia
se detido sobre a seguinte questão: o que move
nosso psiquismo, se a consciência é apenas
a ponta do iceberg, havendo quase que um
continente submerso, no qual se desenrolam
sentimentos e pensamentos, do qual pouco ou nada sabemos,
o inconsciente? Então, o que move esse continente, que não
é nossa vontade? Quais são as energias que ali circulam, que
tipo de economia rege os impulsos que daí derivam, que faz
com que alguns possam ser expressos, enquanto outros não,
que produz conflitos, etc.?
O princípio de prazer
Com essa perspectiva, Freud estabeleceu um princípio,
o qual denominou “princípio de prazer”, o qual regeria,
inicialmente, toda nossa atividade psíquica. Segundo
esse princípio, todo organismo busca um estado de pouca
excitação, ou relaxamento, repouso; tudo aquilo que aparece
como movimento ou excitação aparece como desprazer.
O desprazer pode ter razões externas, como algo que nos
machuca, ou o frio, ou calor, ou barulhos muito intensos, etc.,
ou razões internas, como a fome, o sono, etc. A excitação sexual
também entraria na conta do desprazer: uma agitação que,
tirando o corpo do repouso, passa a exigir satisfação, que haja
algum prazer antes dessa satisfação, é como que um prazer
preparatório, preliminar, que concorre com o desprazer da
exigência de satisfação. Essa era a leitura que Freud fazia no
começo de suas pesquisas.
Freud tinha em mente, ao falar do princípio de prazer, duas
coisas. Por um lado, pensava em crianças muito pequenas,
bebês, para quem esse princípio é o principal regente de sua
atividade psíquica. A tal ponto que afirma: a criança, ao sentir