Folha de São Paulo - 19.10.2019

(Ron) #1

aeee


mercado


A26 Sábado,19dEoutubrodE2 019


Petroleiros rejeitam


proposta de acordo


comPetrobras



  • NicolaPamplona


RIODEJANEIROAmaior parte
dos sindicatos de petrolei-
rosrejeitouem assembleias
aproposta de acordocole-
tivocomaPetrobras elabo-
rada peloTribunal Superi-
or doTrabalho.Únicoder-
rotado,osindicatodoRio
pediu prazoparachecar
novamenteosvotos,ten-
tandoreverteroresultado.
Petrobraseossindicatos
vêmnegociandocomme-
diação doTSTdesdeoiní-
ciodeagosto, quandoven-
ceuoprazo do acordocole-
tivodetrabalho.Em 19 de
setembro, otribunal apre-
sentouuma propostafinal,
aprincípiorejeitada pelos
sindicatos, mas levadaavo-
taçãonas últimas semanas.
Oresultadodas assem-
bleias,realizadasapósre-
sistência dos sindicatos,ex-
pôs divisão entreosempre-
gados da estatal: enquanto
as áreasadministrativasvo-
taramafavor do acordo e
pelo fim do impasse, nas
bases operacionais houve
rejeiçãoeameaçadegreve.
Aúnicaderrotados sin-
dicatos ocorreu na área de
atuação do Sindipetro-RJ,
que incluiasededaPetro-
braseconcentracercade
umterçodos empregados.
Naassembleia destasema-
na, 50 , 61 %dos 9. 311 votan-
tesaprovaramaproposta.
Apósreconhecerader-
rota naquinta( 17 ),afede-
raçãoquer agoraexcluir
dacontaostrabalhadores
que optaram por acordo in-
dividual oferecido pela Pe-
trobras noinício do mês.

Para BNDES, demissão de diretorfoi fato normal


WASHINGTON“Falo desdeque
vocêsnãofaçamperguntas.”
Apósumdiscursoainvesti-
dores sobreseucompromis-
so comatransparência,opre-
sidentedoBNDES, Gustavo
Montezano,disseajornalis-
tasquesócomentariaade-
missãododiretorde investi-
mentos do banco, AndréLalo-
ni, se nãofosse questionado.
Depois de debatercom a
imprensa—que serecusa-
va aaceitar ostermos de não
perguntar nada além do que
oexecutivopretendiafalar—,
Montezano dissequeaexo-
neração de Laloni eraumfa-
to normal,“uma questão es-
tatística” que nãoalteraria a
estratégiaouaagenda de pri-
vatizações do banco.
Segundo ele,anecessida-
de de montar um novotime
em um prazocurto—de dois
meses—fezcom que ajustes
fossem necessárioseque há
“muitagenteboa disponível”
para recompor áreas estraté-
gicasdainstituição.
“A gentejáesperavaque al-
guma alteraçãofosse neces-
sária, questão probabilística
[...]Nãotem nadaforadopla-
nejado,nadanão esperado.A
questãoéestatística.Agente
fezaalteração do superinten-
dente,estáfazendo alteração
da diretoriademercado de
capitais, masnadamuda na
estratégia do banco, no pro-
pósito, noobjetivo.Vida nor-
mal,vida que segue”,afirmou
Montezanoapós participar de
conversacomempresários e
investidores emWashington.
Nasaída doevento, opresi-
dentedoBNDESavisouaas-
sessoresquegostaria defazer
uma declaraçãorápidaàim-
prensa. Diante dosjornalis- OpresidentedoBNDES, GustavoMontezano EvaristoSá-16.jul.2019/AFP


Osecretário decomércio exteriordogovernoBolsonaro,
Marcos Troyjo KeinyAndrade-13.ago.2018/Folhapress

tas, afirmou que sófalaria se
elesgarantissem quenão iri-
am perguntar nasequência.
Osrepórteresrebateram
dizendo queele poderiafa-
zersuafala mas, em seguida,
seria questionado.Casonão
quisesseresponder,bastava
dizer que nãocomentaria,co-
moéohabitual em entrevista.
Montezanochegouavirar
ascostasecaminhar para a
saída da CâmaradeComér-
cio Brasil-EUA,que organi-
zouoevento, quando perce-
beu que nãoconseguiria es-
capar dos questionamentos.
Minutos depois,retornou.
“Eufalo comquemgarantir

que nãovaiperguntar.”
Após daradeclaração sobre
Laloni, ouviuaprimeiraper-
gunta: “Isso mudaocalendá-
rio de privatizações?”
“Obrigado.Nadamuda”, res-
pondeuesaiu.
Diretor de investimentos do
BNDES, Laloni pediu licença
nãoremunerada na semana
passada, depoisfoiexonera-
do deformadefinitivapelo
conselho de administração.
Eletentoucolocaràvenda
ações doBancodoBrasil em
posse do BNDES, masotrâ-
miteparou na burocracia do
banco, que questionouorito
acelerado davenda.

Odiretortambém afastou a
superintendenteLuciana Ti-
to egerou umarevoltadentro
do banco. Segundocolegas,
ele deixaainstituição após
nãoconseguir levaradiante
seusplanoseficarisolado.MD

Arminio afirma


que Brasilvive
obscurantismo

RIODEJANEIRO|REUTERSOBra-
sil viveummomentode“obs-
curantismo” noatualgoverno
emesmouma agendaeconô-

micaboa nãoserásuficiente
parafazeraeconomia deslan-
char,avaliouoeconomistae
ex-presidentedoBancoCen-
tral ArminioFraga.
Para ele,ainstabilidadepo-
líticaatual deixaoempresá-
rio ainda maiscauteloso pa-
ra investirnopaís.
“A atitudegeralsinaliza um
obscurantismoeliberaener-
gias que não deveriam ser li-
beradas.Éumacoisa mais
truculentaemenostolerante
e, no fundo,menos positiva”,
disse ele, quetambém desta-
couqueogoverno precisaen-
tender queaeconomia “não
caminha sozinha novácuo”


  • Marina Dias


WASHINGTONOFMI(Fundo
Monetário Internacional) afir-
mou nestasexta-feira( 18 )que
osistema tributárioéoprin-
cipal obstáculo parainvesti-
mentos no Brasil equeépre-
ciso medidasconcretas—que
vãoalémdareforma daPrevi-
dência— paraqueopaísatin-
ga um crescimento econômi-
cono médioalongoprazo.
Odiretor parahemisfério
ocidental doFundo,Aasim
Husain,afirmou queépre-
cisotornarosistematribu-
tário brasileiromaiseficien-
teemanterainflaçãoeosju-
rosbaixos paracriar um am-
bientemaisfavorávelaos in-
vestidores. Segundooecono-
mista,enquantoainflação se
mantiver “bemcomportada”,
há espaçoparamanter uma
políticamonetária acomoda-
tícia, ou seja, de juros baixos.
“O sistema tributáriono
Brasiltemsido identificado
comooprincipal impedimen-
to para investimentonopaís.
Areforma tributáriaetornar
osistema mais eficientesão
áreasque poderiam ser sig-
nificativamentemelhoradas.”
“A lém disso,aliberalização
comercial,orecenteacordo
entreUnião EuropeiaeMer-
cosul, assimcomooplano de
privatizações são outros ele-
mentosdereformas estru-
turais quevãocontribuir pa-
ra elevaraprodutividade do
crescimento no médioalon-
goprazo”,completou.
Há alguns meses, os investi-
dores nos EUAtêm adiado su-
as apostas no Brasil pois afir-
mam que, apesar do discurso
de quereformas estãoavan-
çando no Congresso,não há
reflexo dessas medidasnos ín-
dices de crescimentoeconô-
micodo país. Elestêmprefe-
ridocolocar seu dinheiroem


nações emergentes daÁsia.
Asprevisõesdecrescimen-
to feitas pelo FMI paraoBra-
sil seguem essedesânimo.Os
númerosdivulgados naterça
( 15 ),duranteareunião anual
doFundo,não sãoanimado-
rasmesmo secomparadas aos
dados previstos paraaecono-
mia mundial(emfortedesace-
leração)ouaos esperados nes-
te anoparapaíses emergen-
tesouemdesenvolvimento.
OFundoespera um cresci-
mento de apenas 0 , 9 %doPIB
paraesteano —a previsão de
abrilera de 2 , 5 %—,enquanto
as expectativas paraosdemais
emergentesforamrevistas de
4 , 5 %para 3 , 9 %.
Em 2020 ,ocrescimentodo
PIB brasileiropode chegar a
2 %, de acordocomoFundo,
mas Husainponderaque será
possível quantificaroimpacto
dasreformas defato somen-
te quando “os planossetor-
narem medidasespecíficas.”
“Não incorporamos isso
[quantificação do impacto]
em nossas previsõesatéque
as medidas estejam em vigor.”

Sistematributárioéprincipal entrave


para investimento no Brasil,diz FMI


ParaFundo,épreciso ir além da Previdência paraatingir crescimento de médioelongoprazo


que havermais sobreamesa
eacho que uma dasrazões pe-
las quaisopresidenteBolso-
naroestáindo paraaChina
agoraédiscutir essasopor-
tunidades”, completou ele.
Representandooministro
Paulo Guedes(Economia) —
que desistiu de viajaràcapital
americana— emeventodaCâ-
maradeComércio Brasil-EUA,
osecretário declarou ainda que
oBrasil precisa “manter sua so-
berania”nos desdobramentos
de qualquer negociaçãocom
os chineses, mas que há “mui-
to afazer”quandooassuntoé
arelaçãocomPequim.
Duranteoevento, elerespon-
diaaperguntas de Donna Hri-
nak,presidentedaBoeing para
aAméricaLatina, querefletiu o
sentimentodepartedos inves-
tidoreseempresários america-
nos que aindatêmdúvida sobre
oescopodo acordocomercial
entreBrasil eEUA,por exem-
plo,etêm adiadocolocar di-
nheironopaís enquantoodis-
curso dasreformas nãorefletir
no crescimentodaeconomia
brasileira—emtornode 1 %.
Troyjo sedisse otimistacom
arelação entreTrumpeBolso-
naro, mas admitiu queépre-
ciso ir além dasreformaspa-
ra tirar proveitodomomento
queconsideraúniconas con-
versas entreosdois países.
QuandoesteveemWashing-
ton, em março, Bolsonarosaiu
da CasaBrancacomapromes-
sa de que os EUAapoiariam
oingresso do Brasil na OC-
DE, mas, na última semana,
apesar de autoridadesame-
ricanosreiterarem que dão
suporteaoingressobrasilei-
ro,somenteformalizaram o
apoioàentradadeArgenti-
naeRomênia na organização.
Omovimento frustrouogo-
vernoBolsonaro, que espera-
va mais assertividade daequi-
pe deTrump.
Troyjo afirmou aindaque o
Brasil entende que estápas-
sando porum“processo”mas
precisa “fazeralição decasa.”
“OsEUAestãoapoiandoa
entradadoBrasil [naOCDE],
elesformalizaram isso no ní-
velmais alto”,afirmou.
“Nós entendemos que isso
éumprocesso,queéalição
decasa queoBrasil precisa
fazer, algunsprocessos que a
OCDE precisarealizar.”


Areforma
tributáriaetornar
osistema mais
eficientesão áreas
que poderiam ser
significativamente
melhoradas

Aasim Husain
diretor parahemisfério
ocidentaldoFMI

Secretário critica


‘relação de clientela’
do Brasil com China

Àsvésperas da viagem deJa-
ir Bolsonaro àChina, na pró-
xima semana,osecretário
decomércioexterior dogo-
verno,MarcosTroyjo,disse
queoBrasiltemuma“rela-
çãodeclientela”comaChi-
na queéprecisoser amplia-
daemelhoradaaté alcançar
ostatusdeparceria defato.
Naavaliação deTroyjo,ao
contrário dos americanos, o
Brasil nãotemhojeumrelaci-
onamentodeinterdependên-
ciacomoschineses.
Diantedeuma plateia de in-
vestidoreseempresários nes-
ta sexta( 18 ), emWashington,
osecretáriofoiquestionado
sobreasvantagens queoBra-
silvênarelaçãocomaChi-
na,ainterlocução do Planal-
to comoCongresso america-
noeapercepção dogoverno
brasileirosobreoapoio deDo-
naldTrumpàentrada do pa-
ís na OCDE (Organização pa-
ra aCooperaçãoeDesenvol-
vimentoEconômico).
Troyjo admitiu queépreci-
so melhoraracomunicação
comosparlamentares nos
EUA,fazer“alição decasa”
paraingressardefatonaOC-
DEetrabalharcom“mais so-
breamesa” quandooassun-
to forarelaçãocomaChina.
“Queremosser parceiros”,
declarouosecretário.
“À svezes usamos palavras
quenãorefletem necessari-
amentearealidade noterre-
no.Àsvezes usamos‘parce-
ria’quando,narealidade, o
quese teméumarelação de
clientela,émaiscomo um cli-
ente”,afirmouTroyjo.
“Sevocêrealmentequer
passar dessarelação de cli-
entes paraalgomaior,tem
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