– O que é que queres dizer com isso?
– Talvez outra pessoa tenha planeado os assaltos. Parte de uma rede de
importação de armas. O carro de fuga. Apartamento clandestino. Um
arrumador, que depois se vê livre da roupa e das armas. E um branqueador,
que lava o dinheiro.
– Raskol?
– Se Raskol quisesse desviar a nossa atenção do verdadeiro grupo de
culpados, então o melhor que teria a fazer era enviar-nos à procura de um
homem cujo paradeiro ninguém conhece, que está morto e enterrado, ou que
se instalou no estrangeiro sob um nome falso, um suspeito que nunca
poderemos eliminar dos nossos arquivos. Ao vender-nos um palerma a longo
prazo, põe-nos a perseguir as nossas caudas e não o seu homem.
– Então achas que ele está a mentir?
– Todos os ciganos mentem.
– Oh?
– Estou a citar Raskol.
– Então ele tem um grande sentido de humor. E porque é que ele não te
mentiria, se mentiu a todos os outros?
Harry não respondeu.
– Por fim, uma abertura – disse Beate, tocando o acelerador ao de leve.
– Espera! – disse Harry. – Vira à direita. Para Finnmarkgata.
– Certo – disse ela desanimada, e virou para a estrada em frente do parque
Tøyen. – Onde é que vamos?
– Vamos visitar Trond Grette.
A rede do court de ténis tinha sido retirada. E não havia luz em nenhuma
das janelas da casa de Grette.
– Ele não está em casa – concluiu Beate depois de terem tocado duas vezes.
A janela da vizinha abriu-se.
– Trond está em casa – ouviu-se o chilreado da mulher de rosto enrugado,
que Harry achou ainda mais castanho desde a última vez em que o vira. – Ele
não está é a abrir a porta. Mantenham o dedo na campainha, que acabará por