Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

A


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Edvard Grieg


casa de Lev situava-se na extremidade de um beco sem saída. Tal
como a maior parte das casas da vizinhança era uma estrutura simples, sendo
a única diferença o facto de ter vidros nas janelas. Um candeeiro de rua
solitário lançava um cone de luz amarelada sobre uma impressionante
diversidade de insectos que lutavam por espaço de vida enquanto, saídos da
escuridão, morcegos glutões mergulhavam sobre eles.


– Parece que não há ninguém em casa – sussurrou Beate.
– Talvez esteja a poupar electricidade – disse Harry.
Pararam em frente de um portão de ferro, baixo e enferrujado.
– Então como é que vamos fazer isto? – perguntou Beate. – Vamos até lá e
batemos-lhe à porta?


– Não. Ligas o teu telemóvel e esperas aqui. Quando vires que eu estou
debaixo da janela, ligas para este número. – Deu-lhe uma folha arrancada de
um bloco de apontamentos.


– Porquê?
– Se ouvir um telemóvel a tocar, podemos presumir que Lev está em casa.
– Certo. E como é que estás a pensar prendê-lo? Com isso? – Apontou para
o objecto negro e volumoso que Harry segurava na mão direita.


– Porque não? – replicou Harry. – Funcionou com Roger Person.
– Ele estava num quarto às escuras e só viu o reflexo no espelho, Harry.
– Bem, como não nos é permitido trazer armas para o Brasil, temos de usar
aquilo que temos.


– Como linha de pesca atada a um autoclismo e um brinquedo?
– Este não é um brinquedo qualquer, Beate. É um Namco G-Con 45. – Deu
uma palmadinha na pistola de plástico, de tamanho muito maior do que uma
pistola vulgar.


– Pelo menos, tira o autocolante da PlayStation – disse Beate, a sacudir a
cabeça.

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