Gregor lançou-se à água e ele chapinhou atrás do cão. Estava a dez metros
de distância, mas a água nem lhe chegava aos joelhos. Baixou os olhos para
um par de sapatos. Feitos à mão, italianos. Harry fez incidir o feixe de luz na
água e a luz embateu num par de pernas nuas, de um branco-azulado,
espetadas como duas pedras tumulares pálidas.
Os gritos de Harry foram levados pelo vento e afogaram-se de imediato no
embater das ondas. Mas a lanterna que deixara cair na água e fora engolida
pelo mar, cravou-se no fundo areoso e manteve-se acesa durante quase vinte e
quatro horas. Quando no Verão seguinte um rapazinho na companhia do pai a
encontrou, a água salgada tinha corroído o revestimento preto e nenhum dos
dois associou a Maglite à grotesca descoberta de um cadáver. No ano anterior
aparecera em todos os jornais, mas sob o sol de Verão isso parecia ter
acontecido há uma eternidade.