Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

Harry baixou os ombros.
Raskol abriu a gaveta da secretária, tirou a reluzente chave-sistema
Trioving e entregou-a a Harry.


– Vá até à estação de metro de Grønland. Desça o primeiro lance de escadas
e encontrará uma velha sentada atrás de uma janela, junto às casas de banho.
Vai precisar de cinco kroner para entrar. Diga-lhe que Harry chegou, entre na
casa de banho dos homens e feche-se num dos cubículos. Quando ouvir
alguém entrar a assobiar «Waltzing Matilda», isso significa que o seu
transporte está pronto. Boa sorte, Spiuni.


A chuva caía com tanta força que um chuveiro fino erguia-se do alcatrão, e
se alguém se tivesse dado ao trabalho de olhar, teria visto pequenos arco-íris
nos feixes de luz dos candeeiros de rua ao fundo da via de sentido único, na
avenida Sophies. Contudo, Bjarne Møller não se deu a esse trabalho. Saiu do
carro, levantou o casaco acima da cabeça e atravessou a rua a correr até à
porta onde Ivarsson, Weber e um homem, aparentemente de origem
paquistanesa, estavam à sua espera.


Møller apertou mãos e o homem de pele escura apresentou-se como Ali
Niazi, vizinho de Harry.


– Waaler virá aqui ter assim que tiver tratado das coisas em Slemdal – disse
Møller. – O que é que encontraram?


– Receio que coisas bastante sensacionais – disse Ivarsson. – Agora o mais
importante é decidirmos como vamos informar a imprensa que um dos nossos
agentes...


– Calma aí – disse Møller. – Mais devagar. Que tal primeiro um relatório?
Ivarsson esboçou um ligeiro sorriso.
– Vem comigo.
O chefe da Unidade de Assaltos conduziu os outros três homens pela porta
baixa e desceu uma escadaria sinuosa até à cave. Møller enfiou o corpo longo
e magro o melhor que lhe foi possível pela porta, para evitar tocar no tecto ou
nas paredes. Não gostava de caves.


A voz de Ivarsson era um eco abafado entre as paredes de tijolo.
– Como sabem, Beate Lønn recebeu um certo número de e-mails que lhe
foram reenviados por Harry. Ele afirma que os recebeu de uma pessoa que
confessou ter assassinado Anna Bethsen. Estive no Quartel-general da Polícia
e li os e-mails há uma hora. Para ser franco, são na sua grande parte uma

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