andou a manipular desde o primeiro dia. – Passou a mão ao longo do padrão
de linhas entrelaçadas do edredão, enquanto resumia aquilo que se encontrava
no e-mail . E continuou com um resumo dos acontecimentos do dia.
Raskol manteve-se imóvel a ouvir Harry até este ter terminado. Depois
disso, levantou a cabeça.
– Isso significa que também tem sangue inocente nas mãos, Spiuni.
Harry assentiu.
– Agora veio até aqui para me dizer que fui eu que lhe manchei as mãos. E
que, por isso, estou em dívida consigo.
Harry não respondeu.
– Concordo – disse Raskol. – Diga-me o que lhe devo.
Harry deixou de acariciar o edredão.
– Três coisas. Primeiro, preciso de um lugar onde me esconder até
conseguir chegar ao fundo deste assunto.
Raskol assentiu.
– Segundo, preciso da chave do apartamento de Anna para verificar
algumas coisas.
– Já lha devolvi.
– Não a chave com o A. A., essa está numa cómoda em minha casa, e agora
não posso ir buscá-la. E terceiro...
Harry interrompeu-se e Raskol estudou-lhe o rosto com curiosidade.
– Se Rakel me disser que alguém olhou nem que fosse de lado para eles, eu
entrego-me, ponho as cartas na mesa e denuncio-o como o homem atrás do
homicídio de Arne Albu.
Raskol lançou-lhe um sorriso indulgente e amistoso. Como se por causa de
Harry, se arrependesse de algo acerca do qual estavam ambos perfeitamente
cientes – o facto de ser impossível a alguém conseguir encontrar qualquer
ligação entre Raskol e o homicídio.
– Não tem de se preocupar com Rakel e Oleg, Spiuni . Dei instruções ao
meu contacto para mandar retirar o seu pessoal no momento em que se tratou
de Albu. Você devia estar mais preocupado com o resultado do julgamento. O
meu contacto diz que as perspectivas não parecem muito boas. Ouvi dizer que
a família do pai tem certas ligações.