Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

S


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Glock


tein Thommesen trabalhava há dois anos como polícia uniformizado.
O seu maior desejo era passar a detective e o seu sonho ser um especialista da
polícia com um horário fixo, o seu próprio gabinete e um salário melhor do
que o de inspector. Poder voltar a casa para Trine, e contar-lhe um problema
interessante ocorrido no trabalho que ele e um especialista da Unidade de
Casos Especiais estavam a discutir, e que ela iria achar inimaginável e
imensamente complicado. Entretanto, fazia turnos por um salário de miséria,
acordava cansado como um cão mesmo passadas dez horas de sono, e quando
Trine dizia que não ia viver assim durante o resto da vida, ele tentava
explicar-lhe o que era passar as horas de trabalho a conduzir adolescentes com
uma overdose às urgências, a dizer a crianças que tinha de prender o pai
porque este espancara a mãe, e aguentar todas as merdas de pessoas que
odiavam o uniforme que ele usava. E Trine rolava os olhos. Já ouvira tudo
aquilo.


Quando o inspector Tom Waaler da Brigada de Homicídios entrou na sala
de serviço e perguntou a Stein Thommesen se ele o queria acompanhar para
prender um homem procurado, o primeiro pensamento de Thommesen foi que
talvez Waaler lhe pudesse dar algumas dicas em como se transformar em
detective.


No carro, a caminho de Nylandsveien e em direcção à «máquina de
trânsito», falou nisso a Waaler. Este sorriu. Bastava pôr algumas palavras num
papel, apenas isso, dissera-lhe. Ele, Waaler, até poderia dar uma palavrinha
por ele.


– Isso seria... óptimo. – Thommesen perguntou-se se deveria dizer
«Obrigado», ou se isso soaria demasiado adulador. Afinal, ainda não havia
muito que agradecer. No entanto, era óbvio que conseguira marcar alguns
pontos. Sim, aquela era exactamente a expressão que iria usar: marcar pontos.
Depois, mais nada, manter o suspense, até saber de alguma coisa.


– Que tipo de indivíduo é que vamos prender? – perguntou.
– Eu estava de patrulha e ouvi no rádio que tinham recuperado uma certa
quantidade de heroína na avenida Thor Olsens. Alf Gunnerud.

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