Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

histéricas.


Harry não moveu um músculo. Apenas deixou que os olhos absorvessem
cada pormenor dos seus movimentos e gestos. Vinte e cinco segundos.
Continuou a olhar para o relógio acima da porta, mas pelo canto do olho viu o
gerente de balcão a destrancar a caixa ATM do interior, a tirar dois cofres
metálicos e oblongos e a entregá-los aos dois homens. Toda a acção ocorreu a
alta velocidade e em silêncio. Cinquenta segundos.


– Estes são para si, avozinho! – O homem baixo tirara dois cofres
semelhantes da sua mala e estendeu-os a Helge. O gerente engoliu em seco,
assentiu, pegou nos cofres e enfiou-os na máquina. – Tenha um bom fim-de-
semana! – disse, a endireitar as costas e a pegar na mala. Um minuto e meio.


– Não tão depressa – disse Helge.
O mais baixo endureceu.
Harry sugou as faces e tentou concentrar-se.
– O recibo... – disse Helge.
Durante um momento prolongado, os dois homens olharam para o gerente
de balcão baixo e de cabelo grisalho. Depois o mais baixo começou a rir-se.
Gargalhadas altas, esganiçadas com uma tonalidade histérica, cortante, que se
assemelhava ao modo como aqueles que se metiam no speed riam.


– Não pensou que íamos sair daqui sem deixar a nossa assinatura, pois não?
Entregar dois milhões sem um recibo!


– Bem – disse Helge. – Um de vocês esqueceu-se a semana passada.
– Neste momento há tantos tipos novos nas entregas – disse o mais baixo,
enquanto ele e Helge assinavam e trocavam formulários rosa e amarelos.


Harry esperou que a porta da entrada se fechasse antes de voltar a olhar
para o relógio. Dois minutos e dez segundos.


Através do vidro da porta viu a carrinha branca da empresa de segurança
Nordea a afastar-se.


No banco, as conversas continuaram. Harry não precisava de contar, mas
fê-lo na mesma. Sete. Três atrás do balcão e quatro à frente, incluindo o bebé
e o homem de fato-macaco que acabara de entrar e se encontrava junto da
mesa no centro da sala, a escrever o número da sua conta num talão de
pagamento. Harry sabia que era da Sun-shine Tours.


–   Boa tarde   –   disse   August  Schulz  e   começou a   arrastar-se em  direcção    à
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