Brænne, que ruidosamente explicava a um homem ao telefone que ele não
podia cobrar a conta de outra pessoa a não ser que o titular da conta tivesse
assinado um documento com esse propósito. Também o informou que
trabalhava no banco e ele não, e isso encerrava o assunto.
Nesse momento a porta abriu-se e dois homens, um alto, o outro baixo,
vestindo fatos-macacos iguais entraram no banco. Stine Grette ergueu os
olhos. Harry olhou para o relógio e começou a contar. Os homens
aproximaram-se rapidamente do canto onde Stine estava sentada. O homem
alto movia-se como se estivesse a passar por cima de poças de água, enquanto
o mais baixo tinha o andar oscilante de alguém que adquirira mais músculo do
que aquele que conseguia conter. O rapaz do boné azul virou-se devagar e
começou a dirigir-se para a saída, tão absorvido a contar o dinheiro que nem
viu os dois homens.
– Olá – disse o homem alto a Stine, e pousou com força uma mala preta em
cima do balcão. O mais baixo ajeitou os óculos espelhados no nariz, avançou
e pousou uma mala semelhante ao lado da primeira.
– Dinheiro! – disse num guincho agudo. – Abra a porta!
Foi como pressionar um botão de pausa: todo o movimento no banco gelou.
A única indicação de que o tempo não parara era o trânsito que passava no
exterior. E o segundo ponteiro do relógio, que agora mostrava que tinham
passado dez segundos. Stine premiu um botão sob a secretária. Ouviu-se um
zumbido electrónico e, com o joelho, o homem baixo empurrou a porta do
balcão contra a parede.
– Quem é que tem a chave? – perguntou. – Depressa, não temos o dia todo!
– Helge! – gritou Stine por cima do ombro.
– O que é? – A voz chegou do interior do único gabinete do banco, cuja
porta estava aberta.
– Temos visitas, Helge!
Apareceu um homem com um laço e óculos graduados.
– Estes cavalheiros querem que abras a caixa ATM^1 , Helge – disse Stine.
Helge Klementsen olhou distraído para os dois homens de fato-macaco, que
se encontravam agora do seu lado do balcão. O alto olhou nervoso para a
entrada, enquanto o mais baixo tinha os olhos fixos no gerente de balcão.
– Oh, certo. É claro – arquejou Helge, como se se tivesse acabado de
lembrar de um encontro a que faltara, e irrompeu numa série de gargalhadas