relvados verdes junto às nascentes, saltavam ao eixo e brincavam à cabra-cega à sombra da
copa dos castanheiros. Jane La Garde revelou ter talento para ler a sina e, com a mão de cada
dama no regaço à vez, previa o futuro que cada uma delas desejava ouvir.
À rainha, profetizou um herdeiro para o trono; a Catherine Boynton, uma rica vida na corte e
que, um dia, seria tratada por «Lady»; previu que Cary Frazier se tornaria uma respeitável dona
de casa, o que muito a irritou. Quando agarrou na mão de Frances, foi como se uma pequena
nuvem se instalasse na sua testa.
- Conseguirá de facto o que deseja, mas apenas por um momento passageiro, pelo que deverá
agarrar esse momento com as duas mãos e segurá-lo com força.
Frances fitou-a, impressionada, e depois levantou-se de um pulo, contente por Jane estar
apenas a brincar e não ter qualquer capacidade para prever o futuro.
Porém, uma das suas premonições parecia estar a concretizar-se. A rainha andava mais feliz
do que qualquer das suas aias alguma vez a vira. Dormia bem, comia com apetite e o rubor que
apresentava rivalizava com o viço das árvores.
Frances e Cary observavam-na certa manhã enquanto ela pendurava os seus saiotes nos
arbustos para secarem. Tinha criadas que poderiam fazê-lo, mas parecia obter grande satisfação
em executar por si mesma aquela tarefa. Sem saber que estava a ser observada, Catarina
espreguiçou-se ao sol e manteve-se de pé, de olhos fechados, a apreciar os raios de luz
enquanto afagava o inchaço do seu pequeno estômago.
Cary Frazier conteve um grito. - Julga que a rainha... – hesitou.
- ... está de esperanças? – completou Frances a frase.
Desejava com todas as suas forças que assim fosse. O rei ficaria muito feliz e o povo
também. O receio sobre a sucessão seria finalmente aquietado e a Inglaterra poderia livrar-se
do mal.
Todas as aias repararam que, quando os músicos que haviam acompanhado a comitiva
começaram a tocar, a rainha se manteve sentada a observar, recusando todos os convites para
dançar.
Silenciosa e subtilmente, todas observavam e esperavam, de respiração contida. Não teriam
de ficar na dúvida durante muito tempo.
À medida que junho principiava e os céus revelavam o azul mais límpido que alguém
recordava ter visto, com o tempo tão quente que Cary se despia até ficar de camiseiro para
nadar, a rainha sorria e cantava todo o dia.
Certa noite, fizeram um piquenique com tarte fria de lebre e sillabub de groselha,
acompanhados por vinho frio, contaram histórias de amores conquistados e perdidos e
confessaram o que mais desejavam se apenas uma coisa pudesse ser-lhes concedida.
Mais tarde, enquanto todos dormiam, Frances acordou com um som estranho e sinistro. O
grito era tão violento e agudo que ela concluiu que só poderia ser o de uma raposa a lutar com
outra nos bosques em redor. Porém, continuando a ouvi-lo, percebeu que não era de um animal,
mas sim o grito desesperado de uma mulher.