— Isso seria um erro da sua parte.
— Por quê?
— Porque você ainda não ouviu minha oferta.
Sorrindo, Lazarev pegou a bebida intocada de Mikhail e levou-a até
o carrinho para ser renovada. O falso Avedon olhou para Zhirov e retribuiu
seu olhar inexpressivo. Internamente, no entanto, visualizava, no lugar das
roupas de lã escura, a exuberante roupa de verão que ele usava no almoço
no Les Palmiers, em Calvi. Quando sua bebida reapareceu, Mikhail apagou a
imagem da mente como giz de uma lousa e olhou apenas para Lazarev, que
tinha a testa franzida, como se debatesse com uma equação sem solução
possível.
— Você se importa se continuarmos a nossa conversa em russo? —
perguntou.
— Receio que o meu conhecimento de russo seja bom apenas para
me comunicar em restaurantes e táxis.
— Fontes confiáveis me dizem que seu russo é bem bom. Fluente,
até.
— Quem lhe disse isso?
— Um amigo da Gazprom — respondeu Lazarev com sinceridade.
— Ele falou brevemente com você em Praga, durante sua estadia com
Viktor.
— As notícias voam.
— Receio que não haja segredos em Moscou, Nicholas.
— É o que dizem.
— Você estudou russo na escola?
— Não.
— Então deve ter aprendido em casa.
— Provavelmente.
— Seus pais são russos?
— E meus avós também — completou Mikhail.
— Como foram parar na Inglaterra?
— Do jeito de sempre.
— O que isso significa?
— Eles saíram da Rússia após a queda do czar e se estabeleceram em
Paris. Depois, foram para Londres.
— Seus ancestrais eram burgueses?
— Não eram bolcheviques, se é isso que está perguntando.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1