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SÃO PETERSBURGO, RÚSSIA
Eles já tinham feito aquilo dezenas de vezes, em dezenas de campos
de batalha secretos. Portanto, bastaram alguns minutos debruçados sobre
um mapa de rua no quarto de Gabriel no Astoria para elaborar o plano: a
rota, os postos de observação fixa, os pontos de retirada, os paraquedas.
Gabriel se referiu ao plano como a última chance do Centro Moscovita.
Jogariam Madeline como isca, fazendo-a percorrer as ruas de São
Petersburgo uma última vez, para garantir que estava limpa. E então iriam
recolher a linha e fazer a garota desaparecer. De novo.
Foi assim que, pouco depois das duas horas daquela tarde sombria de
São Petersburgo, seis agentes do serviço secreto israelense saíram do Astoria
e passaram pelos fascinantes palácios e igrejas até os seus pontos de espera.
Lavon faria o maior percurso, pois deveria estar na frente do prédio de
Madeline quando ela saísse às 14h52 — o horário exato em que deveria
aparecer se tivesse de fato intenção de fugir. Ela atravessou a Ponte do
Palácio, entrou no Museu Hermitage pelo portão que dava para o cais e
seguiu para a Sala de Monet, onde se sentou em seu banco de sempre às
15h07. Dois minutos depois, Lavon se juntou a Madeline.
— Até aqui tudo bem — disse ele baixinho em inglês. — Agora escute
com atenção e faça exatamente o que eu digo.
Eles a conduziram pela Praça do Palácio, passando pelo Arco do
Triunfo e seguindo para a Nevsky Prospekt. Ela tomou café e comeu um
pedaço de bolo russo no Café Literário, caminhou pelas colunatas romanas
da Catedral de Nossa Senhora de Kazan e fez algumas compras na Zara. Em
cada ponto ao longo da rota, ela passava por um membro da equipe. E todos
relataram que não havia nenhum sinal de oposição.
Ao sair da loja de roupas, ela foi em direção ao rio Moyka e seguiu
pelos caminhos de pedra até a Praça de Santo Isaac, onde Dina esperava,
fingindo falar ao telefone. Se ela estivesse segurando o celular contra o
ouvido esquerdo, Madeline deveria continuar andando. Se o pressionasse
contra o direito, indicaria que era seguro entrar no saguão do Hotel Astoria
— foi o que fez, às 15h48.
Lavon entrou com ela no elevador. Madeline ficou olhando a neve
em suas botas. Ele observou o teto ornamentado. Quando chegaram
ruidosamente ao terceiro andar, estendeu o braço com formalidade e disse: