A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Georgetown em qualquer lugar do mundo. O céu estava limpo, o ar fresco e suave,
perfumado com fumo de madeira. A N Street estava coberta por uma camada de
folhas outonais vermelhas e amarelas. Estalavam debaixo dos pés de Michael,
enquanto ele corria calmamente ao longo do passeio de tijolo. Num gesto reflexo,
olhou pelas janelas dos carros estacionados para ver se estava alguém lá dentro.
Uma van com o nome de uma loja de produtos de cozinha da Virgínia estava
estacionada à esquina. Mike memorizou o nome e o número de telefone.
Telefonaria mais tarde para se certificar de que o sítio era verdadeiro.
Correu encosta abaixo até a M Street e atravessou Key Bridge. O vento
soprava forte na ponte, criando pequenas ondulações na superfície do rio, lá em
baixo. Era como se fossem dois rios diferentes. À direita de Michael, um rio
selvagem estendia-se para norte. À sua esquerda, jazia a zona ribeirinha de
Washington: o complexo Harbor Place, o Watergate, o Centro Kennedy, mais
adiante. Ao chegar ao lado do rio de Virgínia, olhou por cima do ombro em busca
de algum sinal de estar a ser observado. Um homem de constituição débil com um
chapéu de basebol de Georgetown encontrava-se cem metros atrás de si.
Michael baixou a cabeça e correu mais depressa, passando por Roosevelt
Island, através da relva ao longo da George Washington Parkway. Avançou até a
Memorial Bridge e olhou por cima do ombro enquanto descia a alameda. O homem
com o chapéu de basebol ainda ali estava. Michael parou e fez alguns exercícios de
alongamento, olhando da ponte para o caminho lá em baixo. O homem de chapéu
continuou a correr para sul, ao longo do rio, em direção ao National Airport.
Michael endireitou-se e continuou a correr.
Durante os vinte minutos seguintes, viu seis homens de boné e três
homens que pensou poderem ser Outubro. Sabia que estava nervoso. Correu
velozmente durante o resto do caminho de volta a Georgetown. Parou no
Booeymongers, uma loja de sanduíches popular entre os alunos universitários e
pediu um café para levar. Bebeu-o enquanto percorria a N Street e entrou em casa.
Tomou uma ducha, mudou de roupa e saiu. Do carro, telefonou a Elizabeth para o
escritório. ─ Vou a Langley ─ disse-lhe. ─ Tenho uns assuntos domésticos para
tratar. ─ Houve alguns segundos de silêncio na linha e Michael continuou: ─ Não te
preocupes, Elizabeth, não perderia esta tarde por nada deste mundo.
─ Obrigada, Michael.
─ Até daqui a algumas horas.
Michael atravessou mais uma vez Key Bridge e virou para a George
Washington Parkway. Fizera aquele percurso milhares de vezes, mas agora, ao
dirigir-se a Langley para limpar a sua secretária, viu tudo como se fosse a primeira

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