vez. Havia choupos gigantes, riachos que jorravam das colinas rochosas da Virgínia,
precipícios íngremes com vista para o Potomac.
Na entrada principal, o guarda digitou a identificação de Michael, franziu o
sobrolho e disse-lhe para passar. Enquanto atravessava os corredores severamente
iluminados em direção ao CTC, Michael sentia-se como um leproso. Ninguém lhe
dirigiu a palavra, ninguém olhou para ele. Os serviços secretos não são mais do que
diques altamente organizadas. Quando um elemento contrai uma doença, os
outros permanecem afastados, não vão apanhá-la também. O curral estava
sossegado quando Michael entrou pela porta e se dirigiu à secretária. Durante uma
hora, selecionou o conteúdo das gavetas, separando o pessoal do oficial. Uma
semana antes, fora aplaudido pela sua ação em Heathrow. Agora sentia-se como
um avançado que acabara de falhar o golo decisivo. De vez em quando, aparecia
alguém que lhe punha a mão no ombro e se afastava rapidamente. Mas ninguém
falou com ele.
Quando se preparava para sair, Adrian Carter espreitou e fez sinal a
Michael para que entrasse no seu gabinete. Entregou-lhe um embrulho com uma
fita. ─ Pensava que era apenas uma suspensão a aguardar o inquérito ─ disse
Michael, aceitando o presente.
E é, mas de qualquer forma queria dar-te isto ─ respondeu Carter. Os olhos
baixos faziam-no parecer mais taciturno do que nunca. ─ Abre-o em casa. Algumas
pessoas por aqui poderiam não entender a piada.
Michael apertou-lhe a mão.
─ Obrigado por tudo, Adrian. Nos vemos por aí.
─ Pois ─ respondeu Carter. ─ E, Michael, tem cuidado com você. Michael
saiu e dirigiu-se ao carro no estacionamento.
Atirou o presente de Carter para o porta-bagagens, entrou e arrancou. Ao
passar pelos portões, interrogou-se se alguma vez voltaria.
Michael foi ter com Elizabeth ao Georgetown University Medical Center.
Deixou o Jaguar com o arrumador e foi de elevador até o consultório do médico.
Quando chegou à sala de espera não havia sinais de Elizabeth. Por um instante
receou ter faltado à consulta mas, logo em seguida, ela entrou pela porta, de pastas
na mão, e beijou-o na face.
Uma enfermeira acompanhou-os à sala de observação e deixou uma bata
em cima da mesa. Elizabeth desabotoou a blusa e a saia. Olhou para cima e viu que
Michael a fitava.
─ Fecha os olhos.
─ Na verdade, estava a pensar trancar a porta.
─ Animal.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1