A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Obrigado.
Elizabeth acabou de se despir, enfiou a bata e sentou-se na mesa de
observação.
Michael brincava com as saliências da máquina de sonograma.
─ Importas-te de parar com isso?
─ Desculpa, só estou um pouco nervoso.
O médico entrou na sala. A Michael fazia lembrar Carter: ensonado,
desgrenhado, uma expressão de tédio eterno no rosto. Franziu o sobrolho ao ler a
ficha de Elizabeth, como que dividido entre mahi mahi e salmão grelhado.
─ Os resultados beta estão muito bons ─ indicou. ─ Na verdade, estão um
pouco altos. Vamos dar uma vista de olhos com a eco grafia.
Levantou a bata de Elizabeth e cobriu-lhe o abdômen com um gel
lubrificante. Depois pressionou-lhe a sonda do sonograma contra a pele e começou
a movimentá-lo para a frente e para trás.
─ Aqui está ─ declarou, sorrindo pela primeira vez. ─ Senhoras e senhores,
aquilo está com muito bom aspecto.
Elizabeth estava radiante. Estendeu o braço para Michael e agarrou-lhe a
mão com força.
O médico manipulou a sonda mais um instante.
─ E aqui está um segundo saco com muito bom aspeto.
─ Valha-me Deus ─ exclamou Michael.
O médico desligou a máquina.
─ Vista-se e vá para o consultório. Temos de conversar sobre algumas
coisas. E, desde já, parabéns.
─ Pelo menos não vamos ter que comprar uma casa maior ─ disse Michael,
seguindo Elizabeth até o quarto no primeiro andar. ─ Sempre achei que uma casa
com seis quartos era grande demais só para nós dois.
─ Michael, para de falar assim. Tenho quarenta anos. Já estou para lá da
fase de risco elevado. Podem acontecer muitas coisas.
Deitou-se na cama. ─ Estou morrendo de fome.
Michael deitou-se a seu lado.
─ Não consigo tirar da cabeça sua imagem cheia de lubrificante.
Beijou-o.
─ Vai embora. Ouviu o que o médico disse. Tenho de ficar deitada e
descansar por alguns dias. Neste momento, estou na hora mais vulnerável.
Ele retribuiu o beijo. ─ Não vou discutir isso.
─ Vai lá embaixo e me faz uma sanduíche.

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