A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Elizabeth observou atentamente o homem que estava à sua frente e
percebeu de imediato que algo de errado se passava. A maior parte do pessoal da
limpeza eram indivíduos da América Central de origem índia, pequenos e de pele
escura, que quase não falavam inglês. Aquele homem era alto, devia medir cerca de
um metro e oitenta, e tinha pele clara. Era evidente que o cabelo escuro fora
cortado e penteado por um profissional dispendioso. A bata era nova e não estava
suja, e as unhas encontravam-se limpas. Contudo, foi o anel na mão esquerda que
chamou a atenção de Elizabeth. Exibia as insígnias das Forças Especiais do
Exército, os Green Berets.
─ Posso ajudá-lo? ─ perguntou Elizabeth. Resolvendo tomar a iniciativa.
─ Ouvi um barulho ─ respondeu o homem num inglês de pronúncia
carregada. Elizabeth percebeu que ele estava a mentir, pois tivera muito cuidado
para não fazer barulho algum.
─ Porque não chamou a segurança? ─ ripostou ela. O homem encolheu os
ombros. ─ Pensei em vir eu próprio dar uma vista de olhos primeiro, ─ disse. ─
Sabe, apanhar um ladrão, ser um grande herói, receber uma recompensa ou assim.
Elizabeth olhou para a placa com o nome dele no macacão, e fez disso um grande
alarde.
─ É americano, Carlos?
Ele abanou a cabeça. ─ Sou do Equador.
─ Onde arranjou esse anel?
─ Na loja de penhores em Adams Morgan. Muy bonito, não acha?
─ É lindo, Carlos. Agora, se me dá licença...
Passou por ele e entrou no escritório.
─ Encontrou o procurava? ─ perguntou o homem, às costas dela.
─ Na verdade, estava apenas arrumando uma coisa.
─ Está bem. Boa noite, señora.


─ Talvez estivesse dizendo a verdade ─ sugeriu Michael. ─ Talvez seja
mesmo Carlos do Equador e tenha comprado o anel numa loja de penhores em
Adams Morgan.
─ Besteira ─ ripostou Elizabeth.
Max levara-os a um restaurante em Dupont Circle chamado The Childe
Harold. Era popular entre jornalistas e jovens do pessoal do Congresso. Sentaram-
se a uma mesa de canto no bar da cave. Elizabeth ansiava desesperadamente por
um cigarro mas, em vez disso, roía as unhas.
─ Nunca o vi antes ─ disse Max. ─ Mas isso não quer dizer grande coisa. As
pessoas nestes empregos estão sempre indo e vindo.

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