WASHINGTON, D. C.
Paul Vandenberg estacionou em Ohio Drive, com vista para o Washington
Channel, e desligou o motor. Viera sozinho, no seu carro privado, tal como Elliott
pedira. O encontro deveria ter lugar às dez da noite, mas Elliott estava atrasado, o
que era pouco típico da sua parte. Outro carro parou atrás de si, um veículo de
tração às quatro rodas, grande e preto, as janelas opacas pulsando ao som de rap.
Vandenberg ligou o carro e deixou-o parado enquanto esperava. O veículo de tração
às quatro rodas partiu às dez e um quarto. Cinco minutos depois, um sedan preto
parava ao seu lado e o vidro da porta traseira desceu.
Era Mark Calahan, o assistente pessoal de Mitchell Elliott.
─ O senhor Elliott pede imensas desculpas, mas tem de haver uma
mudança de local ─ informou Calahan. ─ Venha comigo e eu o levo ao carro
quando o encontro terminar.
Vandenberg saiu do carro e entrou no banco traseiro do sedan preto.
Andaram durante dez minutos: contornaram Hains Point, atravessaram a
Memorial Bridge para a Virgínia e depois seguiram para o norte, ao longo da
alameda. Calahan permaneceu sempre em silêncio. Era uma das regras de Elliott:
nada de conversas de ocasião entre seu pessoal e os clientes. Por fim, o carro entrou
num estacionamento com vista para a Roosevelt Island.
─ O senhor Elliott está a sua espera na ilha, senhor ─ declarou Calahan
educadamente. ─ Vou levá-lo até ele.
Os dois homens saíram do carro.
O motorista, Henry Rodriguez, ficou à espera ao volante. Dois minutos
depois, Rodriguez ouviu o estouro de um único tiro.
Um corredor encontrou o corpo às 7h15 da manhã seguinte. Jazia ao lado
de um banco de mármore no memorial a Theodore Roosevelt, o que os órgãos de
comunicação social consideraram adequado, uma vez que Paul Vandenberg sempre
admirara TR. A arma fora colocada na boca. Uma grande porção da parte de trás da
cabeça de Vandenberg desaparecera. A bala estava cravada no tronco de uma árvore
a dezoito metros de distância.
O bilhete de suicídio foi encontrado no bolso do peito do sobretudo de lã.
Exibia as caraterísticas de todos os bons memorandos de Vandenberg: conciso,
econômico, direto. Acabara com a própria vida, dizia o bilhete, pois sabia que o
Washington Post preparava um relato devastador de suas atividades de angariação
de fundos ao longo dos anos em proveito de James Beckwith. Vandenberg admitia
a culpa. Beckwith e Mitchell Elliott não possuíam qualquer responsabilidade.