A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

segurança nacional: os secretários da Defesa e de Estado, o conselheiro para a
segurança nacional, o diretor da CIA. Exatamente às 18:20, Vandenberg informou
os jornalistas da Casa Branca. O Presidente estava a avaliar a possibilidade de uma
retaliação militar contra os terroristas que se acreditava serem responsáveis pelo
atentado. Navios de guerra da Marinha americana estavam a deslocar-se para o
Mediterrâneo oriental e para o golfo Pérsico. Às 18:30, os correspondentes na Casa
Branca da ABC, da CBS e da NBC alinharam-se lado a lado no Relvado Norte e
informaram o povo americano de que o Presidente poderia levar a cabo uma ação
decisiva para vingar o ataque. Mitchell Elliott sabia que na manhã seguinte as
intenções de voto seriam bastante favoráveis. Mas, naquele momento, sentado à
mesa à frente de James Beckwith, Elliott ficou abismado com a fadiga patente no
rosto do Presidente. Questionou-se se o velho amigo teria ainda energia para lutar.
─ Não fosse por coisas, Anne, e diria que está pronta a partir já, e não daqui
a quatro anos ─ aventou Elliott.
O comentário raiava o tema da política. Em vez de mudar de assunto, como
era seu hábito, Anne Beckwith cruzou o olhar com o de Elliott e semicerrou os
olhos azuis numa rara exibição de fúria.
─ Francamente, Mitchell, não me interessa se parto daqui a quatro anos ou
daqui a quatro meses ─ contrapôs. ─ Ao longo dos últimos quatro anos, o
Presidente deu tudo o que tem a esta nação. A nossa família fez sacrifícios terríveis.
Se o povo quer eleger um senador desconhecido do Nebraska para ser o seu líder,
pois que assim seja.
O comentário era típico de Anne Beckwith, que gostava de fingir que se
encontrava acima da política, que a vida no poder era um fardo e não uma
recompensa. Elliott sabia a verdade. Por trás da fachada plácida, Anne Beckwith era
um animal político implacável por direito próprio, que exercia um poder enorme
nos bastidores.
Entrou um criado que levantou os pratos e serviu café. O Presidente
acendeu um cigarro. Anne obrigara-o a deixar de fumar há vinte anos, mas acedia a
que fumasse um por noite, com o café. Numa exibição surpreendente de
autodisciplina, Beckwith fumava o seu único cigarro todas as noites. Quando o
empregado saiu, Elliott disse:
─ Ainda falta um mês para as eleições, Anne. Podemos dar a volta na
situação. ─ Mitchell Elliott, até parece um daqueles representantes que aparecem
nos programas de televisão mais idiotas e que vomitam lugares-comuns sobre
como o povo americano ainda não está concentrado nas eleições. Sabe tão bem
quanto eu que os resultados das sondagens não vão mudar até o dia da eleição. ─
Admito que, de fato, normalmente é esse o caso. Mas, há duas noites, um terrorista

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