A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

árabe mandou pelos ares um avião comercial americano. O Presidente ficou com o
palco todo só para ele. Sterling saiu de cena. O Presidente tem agora uma
oportunidade maravilhosa para exibir a sua experiência na gestão de crises.
─ Meu Deus, Mitchell, morreram duzentas e cinquenta pessoas e você está
todo entusiasmado porque acha que isso vai nos ajudar a alterar a intenção de voto!
─ Mitchell não disse isso, Anne ─ interveio Beckwith. ─ Preste atenção à
comunicação social. Tudo o que acontece em ano de eleições é visto através do
prisma da política. Seria ingênuo fingir que não é o caso.
Anne Beckwith levantou-se de repente. ─ Pois bem, esta velha ingênua já
teve o bastante para uma noite.
O Presidente e Elliott se levantaram. Anne beijou a face do marido e
ofereceu a mão ao convidado. ─ Ele está cansado, Mitchell. Não tem dormido
muito desde que lhe surgiu esta sua maravilhosa oportunidade política. Não o
deixe muito tempo acordado.
Quando Anne saiu, os dois homens desceram ao rés-de-chão e percorreram
o acesso exterior coberto até a Sala Oval. A lareira estava acesa e a intensidade das
luzes tinha sido reduzida. Paul Vandenberg aguardava. Beckwith sentou-se numa
poltrona junto ao lume e Vandenberg acomodou-se a seu lado, o que deixou um
dos baixos sofás brancos para Elliott. Quando este se sentou, afundou-se na
almofada macia. Sentia-se mais baixo do que os outros dois homens, algo que não
era do seu agrado. Apercebendo-se do desconforto de Elliott, Vandenberg permitiu
que um sorriso lhe dançasse nos lábios.
Beckwith fitou o chefe de gabinete e depois Elliott.
─ Muito bem, cavalheiros ─ disse. ─ E se me contassem o que há?
─ Senhor Presidente, quero ajudá-lo a ser reeleito, para bem deste nosso
maravilhoso país e para bem do povo americano. E acredito saber como consegui-
lo ─ declarou Elliott.
O Presidente ergueu uma sobrancelha, claramente intrigado.
─ Vamos ouvir o que tem a dizer, Mitchell.
─ Daqui a nada, Senhor Presidente ─ garantiu Elliott. ─ Primeiro, julgo que
é apropriado que oremos ao Todo-Poderoso.
Mitchell Elliott ergueu-se do seu lugar, ajoelhou-se na Sala Oval e começou
a rezar.
─ Acha que ele vai fazê-lo, Paul?
─ É difícil dizer. Quer dormir sobre o assunto. É bom sinal.
Durante a curta viagem desde a Casa Branca tinham trocado algumas
palavras rápidas, ou ficado em silêncio. Nenhum deles gostava de falar em espaços
fechados, o que incluía carros do governo em andamento. Caminhavam agora lado

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